Seguranças do metrô são acusados de agredir homem em Belo Horizonte
Anderson José da Silva declara que agressões aconteceram por injúria racial e xenofobia
Na terça-feira (06), em Belo Horizonte , quatro seguranças do metrô da cidade foram acusados de agredir um homem de 30 anos na plataforma da estação Vilarinho, em Venda Nova. As informações foram apuradas pelo O Tempo.
Segundo as informações de Anderson José da Silva à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), após registrar um boletim de ocorrência denunciando quatro funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos ( CBTU ) o agrediram com chutes, socos e borrifadas de gás de pimenta.
Serralheiro, de origem pernambucana, depois da ocorrência, foi encaminhado para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, onde espera a transferência para outra unidade de saúde para realizar um procedimento cirúrgico para operar a fratura que sofreu em sua mão, que de acordo com ele, aconteceu devido às agressões.
Conforme conta a advogada do agredido, Luísa Helena Martins, ela pretende enviar um mandado de segurança para a Justiça de Minas de Gerais para conseguir acesso às imagens e com isso, provar as agressões sofridas pelo seu cliente. Ela conta que os funcionários da CBTU dizem só ter abordado Anderson por ele não estar usando a máscara de proteção contra a Covid-19 e negam agressões.
A advogada ainda conta que durante as agressões, seu cliente evacuou e foi atrás de ajuda em uma unidade policial na avenida Vilarinho, porém, ele conta que os militares presentes não quiseram ajudar devido suas condições físicas. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e a Polícia Militar não se manifestaram sobre o caso.
Anderson José da Silva, pela manhã de quarta-feira (07), saiu do trabalho e se encaminhava para o endereço onde mora com a namorada, no bairro Fernão Dias, região nordeste de BH. Porém, ele acabou dormindo durante o caminho e perdeu sua estação, desembarcando somente na estação final.
“Ele acordou assustado e sem saber onde estava porque vive em Belo Horizonte há menos de um ano. Quando percebeu, quatro seguranças caminhavam em sua direção e ele apavorado, com muito sotaque, perguntou onde estava. Os seguranças, então, começaram a gritar com ele. Logo que ele respondeu que não sabia onde era ali, um dos seguranças começou a agredi-lo e tentou acertá-lo com um chute”, conta.
No relatório policial, Anderson relatou que um dos seguranças disse algo antes de acertá-lo: “está de gracinha? Está zoando? Como você não sabe onde está?”. O primeiro policial teria tentado golpea-lo com um chute no peito e um segundo segurança o atingiu com o spray de pimenta e um laser.
“Foi nesse momento que o Anderson caiu, com muita ardência nos olhos. Ele, como reação, acabou evacuando e se sujou com fezes e urina, de susto, de medo. No chão, os seguranças o chutaram. Ele recebeu uma série de socos e chutes”, declarou.
Depois das agressões , Anderson teria ficado desacordado e deixado no local pelos seguranças. Dois casais ofereceram ajuda para ele e o levaram para fora da estação. Para as autoridades, Anderson ressaltou que por ser de Pernambuco, os seguranças podem ter lhe agredido pelas diferenças culturais, eles podem não ter compreendido o que ele perguntava pelo forte sotaque e também por injúria racial.
No documento consta que Anderson sofreu lesões no punho esquerdo, no braço, no peito e pela região da lombar. Ainda teve seu celular danificado. “No próprio boletim consta que o Anderson acredita não ter sido bem compreendido pelos seguranças pelas diferenças culturais, pelo fato dele ser nordestino, pelo sotaque. Foi logo depois dele dizer que não sabia onde estava e que não era de Belo Horizonte que as agressões começaram. Há uma questão de xenofobia e injúria racial”.
Em ocorrência, foi apontado que “provavelmente há câmeras de monitoramento na estação”. Luísa Helena Martins, advogada de Anderson, corre atrás das imagens do dia do corrido para reforçar a versão de seu cliente.