Caso Henry: Polícia Civil monta força-tarefa para elucidar morte do menino

Após ouvir 17 testemunhas, receber laudos de necropsia e realizar a reconstituição do crime, delegado responsável aposta nas "provas periciais" para elucidar o caso

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Caso Henry Borel



Após ouvir 17 testemunhas no inquérito que apura a morte de Henry , o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), aposta nas provas periciais para a conclusão da investigação. Além dos laudos de exames de necropsia no corpo do menino, o material recolhido no apartamento onde ele dormia, em 8 de março, passa por exames minuciosos.

Numa força-tarefa que une diferentes departamentos da Polícia Civil, investigadores buscam esclarecer o que aconteceu na unidade 201 do bloco I do condomínio Majestic, na Cidade Jardim, Barra da Tijuca. De acordo com depoimentos prestados por Monique e Jairinho na 16ª DP, eles assistiam a uma série na televisão, quando, por volta das 3h30, encontraram Henry caído no chão, com olhos e mãos gelados e olhos revirados.

As pediatras que o atenderam na emergência do hospital Barra D’Or garantem que ele já chegou morto à unidade e com as lesões descritas pelo Instituto Médico-Legal (IML): hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, e equimoses, hematomas, edemas e contusões.

Com quase duas décadas de experiência, a perita legista Gabriela Graça, que dirigiu o IML e hoje é responsável pelo setor de Antropologia Forense do órgão, é taxativa: "a perícia é a sentença desse caso". Ela explica que o profissional que fez os exames de necropsia elaborou um laudo complementar para dar mais subsídios a investigadores.

Gabriela diz que, caso ainda pairem questões não esclarecidas, a possibilidade de exumação do corpo de Henry será avaliada. Mas ela frisa que autoridades só tomarão tal medida se for extremamente necessária à elucidação do caso.

Peritos coletam pistas

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Dr. Jairinho e Monique

O apartamento onde Henry morava com a mãe e o padrasto foi vistoriado três vezes por equipes do IML e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Em depoimento prestado na 16ª DP, a faxineira que trabalhava para Monique e Jairinho disse que não foi informada sobre a morte do menino e, quando chegou ao imóvel, na manhã seguinte à tragédia, limpou o quarto no qual ele havia dormido. Mesmo assim, peritos conseguiram coletar amostras no cômodo para análises laboratoriais. Segundo uma fonte da investigação, foram usados materiais para a chamada limpadura de superfícies, e especialistas buscaram sinais que pudessem indicar se houve deslocamento de móveis.

Por ordem judicial, o apartamento foi interditado por 30 dias. Na última segunda-feira, equipes do IML e do ICCE passaram o dia no local. Na quinta-feira, houve a chamada reprodução simulada no imóvel, durante a qual peritos usaram um boneco com o mesmo tamanho de Henry para encenar a narrativa apresentada por  Monique e Jairinho a policiais. Chamado para participar do procedimento, o casal não compareceu.

Peritos também trabalham na extração de dados de celulares do vereador e da mãe do menino. Investigadores já sabem que  mensagens foram apagadas de um aparelho de Jairinho horas após a morte de Henry.

Além de telefones, foram apreendidos computadores que eram usados pelo casal. O serviço de extração de dados, feito com um software de ponta, pode durar até uma semana, por conta da quantidade de dados que vêm sendo analisados. A expectativa é que peritos entreguem um laudo ao delegado Henrique Damasceno nos próximos dias.