Ato de idosos contra Bolsonaro ganha força na internet e apoio de José Trajano
Ideia de idoso imunizados tomarem as ruas foi levantada pela economista Laura Carvalho e o jornalista manifestou interesse
"Os jovens terão que ficar em casa e torcer pelos avós ". Essa foi a definição do jornalista José Trajano , 74 anos, sobre uma possível manifestação popular dos idosos contra o governo Bolsonaro após receber a segunda dose da vacina contra o covid-19.
A discussão sobre o assunto foi pauta no twitter nesta sexta-feira (26) após a economista Laura Carvalho relatar que sua mãe está " combinando com os amigos da geração de 1968 uma manifestação depois da segunda dose". Veja o tweet:
Minha mãe está prestes a se vacinar e já combinando com os amigos da geração de 1968 de fazer uma manifestação depois da segunda dose pra tirar esse governo. Eles fazem tudo!
— Laura Carvalho (@lauraabcarvalho) March 26, 2021
Trajano, que já tomou a primeira dose e tomará a segunda no dia 9 de abril, se colocou a disposição para ir às ruas "tirar o genocida" da presidência .
Pode contar comigo! Dia 9/4 tomo segunda dose e estarei depois de alguns dias pronto pra sair às ruas e tirar o genocida de lá
— Ultrajano (@ultrajano) March 26, 2021
Em conversa com a equipe de reportagem do iG, o jornalista disse que topa a manifestação desde que ela aconteça depois o ciclo completo de imunização - um período de 15 dias de espera após a segunda dose.
"Já que ela lançou a ideia, achei interessante . Agora, é bom esperar para ter mais gente . Com 90, 80 anos é mais dificil ir. Se esperarmos até junho , mais pessoas terão tomado a segunda dose. E é preciso esperar mais duas semanas para se considerar imunizado . Não é tomar a segunda dose e sair ' pererecando' por ai. Mas gostei da ideia. Já que o jovem não pode sair, vamos sair nós velhos ", completou Trajano.
Propagação do vírus
Nas postagem, algumas pessoas questionaram a economista sobre a possibilidade de proliferação do novo coronavírus em decorrência das aglomerações que um protesto causaria . A ciência mostra que os vacinados não desenvolvem o vírus, mas ainda podem disseminá-lo . Os impactos, porém, não são significativos já que as manifestações ocorrem em espaços abertos .
Os protestos norte-americanos da morte de George Floyd, que ocorreram em meio a pandemia, não impactaram diretamente o número de casos . É o que diz um estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford . No total, 326 cidades realizaram 868 protestos com 757.077 participantes. Após 22 dias, a taxa média de casos subiu 0,49% . Em cidades onde os atos não aconteceram, a média foi de 0,41% . Estatisticamente, não houve impactos significativo na transmissibilidade do vírus por ser local aberto e pelos participantes utilizarem de máscaras .
Inversão histórica
Trajano classificou o ato como " pontapé inicial " de uma inversão histórica. " Não vamos ficar atrás dos jovens pela primeira vez, os jovens que torcerão por nós."
De acordo com o jornalista, essa é apenas uma das medidas que deveriam acontecer, já que o governo " fracassou " no combate à pandemia e perdeu parte do seu eleitorado em decorrência da falta de políticas públicas.
"Ese último panelaço que houve, foi o melhor dos últimos tempos. Pessoal bateu panela com mais força. Estavam desgastados . Foi bem expressivo . Mostra que as pessoas estão querendo protestar . Mas se esperar um pouco mais teríamos mais gente participando. Nunca pensamos que [essas manifestações] pudessem acontecer. Acho que depois elas cresceriam . Se sair em junho ou julho, em setembro teriam mais pessoas, depois em outubro e para o final do ano iria se multiplicando ", finalizou.
José Trajano já, inclusive, se imagina nas ruas. "Sair as ruas pela primeira vez, depois de muito tempo, pessoas velhas e vacinadas indo as ruas contra o governo genocida . Não pode chamar de genocida, esse capitão cloroquina . Os jovens terão que ficar em casa esperando noticias do que os avós ou tios ou pais fizeram."
** Eduardo Morgado é jornalista formado pela Universidade Anhembi Morumbi. Já trabalhou em agência de comunicação, mas o que curte mesmo é fazer reportagens. No iG desde fevereiro de 2021, escreve para o Último Segundo e a editoria de saúde. É especialista em produção de conteúdo por formação e em drinks, fruto do trabalho como bartender. Acredita que todo mundo tem uma história com potencial para virar filme.