Inquérito do STJ contra a Lava-Jato cita seis procuradores como alvos iniciais

Detalhes da investigação indicam que o presidente da corte, Humberto Martins, quer investigar por que ele e seu filho foram alvos de delação premiada

Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
Inquérito do STJ contra a Lava-Jato cita seis procuradores como alvos iniciais

O inquérito aberto pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ),  Humberto Martins, para investigar supostas ilegalidades cometidas por investigadores da Lava-Jato cita seis procuradores como alvos iniciais, com base apenas em notícias publicadas na imprensa e em informações de uma entrevista dada pelo hacker Walter Delgatti Neto.

Foi ele quem invadiu o celular de autoridades públicas e obteve acesso aos diálogos entre procuradores. Segundo os documentos, não apenas procuradores da força-tarefa de Curitiba entraram na mira de Humberto Martins, mas também outros investigadores.

Além disso, detalhes da investigação indicam que Humberto Martins quer investigar as razões pelas quais ele e seu filho, Eduardo Martins, foram delatados pelo ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.

Martins coloca como um dos alvos a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen, com base apenas em declarações dadas pelo hacker.

Em uma entrevista dada ao site "Brasil 247", Delgatti Neto afirmou que Luiza mantinha contato com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, e citou genericamente que ela repassava informações à força-tarefa, sem abordar nenhuma irregularidade concreta e nem apresentar os diálogos.

O presidente do STJ cita uma reportagem sobre a abertura de procedimento preliminar na Corregedoria da PGR para investigar eventuais irregularidades nos supostos diálogos entre Luiza e Deltan, como justificativa para inclui-la como um dos alvos. Procurada pelo GLOBO, a corregedora-geral Elizeta de Paiva Ramos afirmou que esse procedimento já foi arquivado.

O GLOBO teve acesso a detalhes da abertura do inquérito, fornecidas pelo próprio Humberto Martins ao STF para justificar o prosseguimento da investigação. Além de citar Luiza Frischeisen, Martins aponta como alvos o procurador regional Eduardo Pelella, que foi chefe de gabinete do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, e os ex-membros da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba: Januário Paludo e Orlando Martello Júnior, Deltan Dallagnol e Diogo Castor de Mattos.

Todos os nomes aparecem acompanhados de alguma matéria publicada na imprensa com base nas mensagens hackeadas ou na própria entrevista do hacker.