Pacheco pede a Kamala Harris excedente de vacinas dos EUA para o Brasil
Em ofício, Rodrigo Pacheco solicita autorização para aquisição do imunizante, ressaltando que conter o avanço do vírus no país, "atual epicentro" da Covid-19, é importante para todo o hemisfério ocidental
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), enviou uma correspondência à presidente do Senado e vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, pedindo autorização para aquisição pelo governo brasileiro de "doses de vacina estocadas nos EUA e ainda sem previsão de utilização”.
Segundo Pacheco, "esse compartilhamento de estoques, caso autorizado, daria impulso decisivo ao esforço de imunização dos 210 milhões de brasileiros". Ele destacou o Brasil como o "atual epicentro" da pandemia da Covid-19.
O ofício foi assinado nesta sexta-feira por Pacheco e protocolado no Itamaraty e na Embaixada dos Estados Unidos, em meio a críticas de inação por parte do governo federal para acelerar a vacinação no país.
O presidente Jair Bolsonaro decidiu, sob pressão, trocar o ministro da Saúde nesta semana, mas continua se esquivando das responsabilidades sobre os entraves para a compra de imunizantes e sua aplicação na população.
No documento, Pacheco cita que a "nova administração" dos Estados Unidos, referindo-se à chegada do presidente democrata Joe Biden no lugar do republicano Donald Trump, transformou o país "em um caso de sucesso na vacinação, que já atingiu mais de 100 milhões de doses aplicadas".
"Tendo acompanhado a provação por que tantos cidadãos norte-americanos passaram nos últimos meses, Vossa Excelência poderá bem avaliar a angústia e o sofrimento das famílias brasileiras diante do recrudescimento da pandemia. Suponho ainda que já estará inteirada do risco que o rápido avanço do vírus no Brasil representa para todo o hemisfério ocidental", diz Pacheco.
O senador afirmou que o compartilhamento de estoques seria não apenas um "gesto humanitário" que aprofundaria os laços de amizade e cooperação entre os dois países, mas "seria também a forma mais eficaz de conter a propagação da epidemia no seu atual epicentro".
Ele explicou que o Brasil já tem vacinas da AstraZeneca sendo aplicadas e deve começar a produzi-las em território brasileiro, mas a demora na chegada dos insumos, bem como na produção dos imunizantes, ante a rápida propagação, tem dificultado o combate à pandemia. "Travamos uma batalha contra o tempo", aponta, no documento.
A presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senadora Kátia Abreu (PP-TO), afirmou que a Casa "está se movimentando para ajudar o Brasil a enfrentar esta pandemia. O governo não é só Executivo. O governo é Executivo, é Legislativo e Judiciário. E a questão principal neste momento é unir forças em favor do povo brasileiro. E convém fazer mais do que tem sido feito”.