MPF pede nova prisão de hacker da Lava Jato após uso indevido de internet

Walter Delgatti Neto teria utilizado rede para dar entrevista; com isso, teria descumprido medidas cautelares determinadas pela Justiça Federal ao liberá-lo da prisão

Foto: Reprodução
Walter Delgatti Neto, conhecido com Vermelho, é um dos acusados de invadir o celular de Moro

O Ministério Público Federal enviou à Justiça Federal um novo pedido de prisão preventiva contra o hacker Walter Delgatti Neto, que invadiu o aplicativo Telegram de diversas autoridades públicas, incluindo dos procuradores da Lava-Jato . O MPF argumentou que Delgatti descumpriu uma das medidas cautelares determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal, que era a ordem para não acessar a internet.

Segundo o Ministério Público , Delgatti utiliziou a internet do escritório de seu advogado para conceder uma entrevista por meio de videoconferência.

"O fato de Walter não ter clicado no computador para acessar a internet é desimportante, pois a decisão é clara quanto à proibição de não acessar a internet, de forma direta, ou indiretamente com a ajuda de terceiros, e que o uso de videoconferência apenas poderia ocorrer para compromisso com a Justiça. Além disso, ao longo da entrevista, Walter expõe conteúdos íntimos das vítimas dos crimes investigados e processados no bojo dessa ação penal, violando, inclusive, a Lei Geral de Proteção de Dados", escreveu a procuradora Melina Montoya. Caberá à 10ª Vara da Justiça Federal julgar o pedido. A informação foi revelada pelo "G1". O GLOBO teve acesso ao documento.

Delgatti havia sido preso na Operação Spoofing , deflagrada em julho de 2019 pela Polícia Federal. Ele próprio admitiu ter invadido o Telegram das autoridades. Em setembro do ano passado, a Justiça revogou sua prisão preventiva e determinou a utilização de tornozeleira eletrônica. Desde então, Delgatti tem dado algumas entrevistas a veículos de imprensa sobre o conteúdo obtido das supostas conversas de procuradores da Lava-Jato.

O advogado de Delgatti , Ariovaldo Moreira, afirmou que o Ministério Público "tenta induzir o magistrado a erro". "Walter não acessou a rede mundial de computadores, e o assunto abordado é de conhecimento público. Dentre as medidas cautelares não consta a privação da sua liberdade de expressão", afirmou.