Viúva de Marielle celebra júri popular a acusados, mas vê processo longe do fim
Após confirmação da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que manteve a decisão envolvendo o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, Mônica Benício comemorou "importante passo" na investigação
Em sessão por videoconferência, realizada na tarde de ontem, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio decidiu manter a decisão de levar a júri popular o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz , presos há dois anos, acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes. A defesa dos acusados havia entrado com um recurso para tentar reverter uma decisão de março do ano passado.
"Um passo importante foi dado hoje (terça-feira). Ainda longe do fim do processo e das investigações pendentes, mas era fundamental que o Tribunal de Justiça do Rio mantivesse a decisão que determinou que os acusados da execução direta dos crimes sejam julgados pelo Tribunal do Júri. E foi o que aconteceu", disse a viúva de Marielle , a vereadora Mônica Benício (PSOL), que é assistente de acusação e acompanhou a sessão.
Mônica acrescentou que, durante a sessão, o intuito foi de mostrar a convicção da acusação em relação às provas colhidas contra Lessa e Queiroz.
"Durante o julgamento , apresentamos as razões pelas quais temos convicção de que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram os autores diretos dos crimes. Temos convicção também de que, no momento oportuno, os membros do Tribunal do Júri atribuirão as responsabilidades penais devidas. Seguiremos acompanhando de perto e cobrando que as autoridades competentes respondam à pergunta fundamental: "Quem mandou matar Marielle e Anderson"? Sem essa resposta o país jamais terá condições mínimas de retomar seu curso democrático", cravou.
A sessão foi presidida pelo desembargador Luiz Zveiter. A relatora, desembargadora Katya Maria de Paula Menezes Monnerat, e as magistradas Maria Sandra Rocha Kayat e Denise Vaccari Machado Paes votaram por unanimidade pela manutenção do julgamento dos réus em júri popular, como definido em março do ano passado pelo juíz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal.
A defesa de Lessa e Élcio de Queiroz alegou falta de provas e indícios suficientes que ligassem a dupla ao crime contra a vereadora do PSOL e seu motorista. Tanto a defesa de Marielle, quanto os magistrados, no entanto, alegaram o contrário. Os desembargadores levaram em consideração os indícios levantados pelo Gaeco, do Ministério Público do Rio de Janeiro, e pela Polícia Civil.
Procurado, o advogado Henrique Telles, que defende Queiroz , afirmou apenas estar “inconformado”. Ele afirmou que, agora, irá aguardar a marcação do júri popular. O advogado Bruno Castro, que defende Lessa, disse que irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça para tentar reverter a decisão.
Lessa é apontado como o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson . Elcio, é acusado de dirigir o Cobalt prata usado na emboscada. Ambos estão no presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, onde respondem por homicídio triplamente qualificado.