RJ: segunda fase da vacinação começa e imunizados celebram com esperança
'Satisfação máxima por ser vacinado. Tive que me afastar do que eu amo fazer', disse médico vacinado em Copacabana
A psicóloga Magdala Silva, de 60 anos, sonhava com a data de hoje, que marca o início da segunda fase da vacinação contra o coronavírus no estado do Rio de Janeiro , havia um ano. Nesta quarta-feira, a profissional da saúde foi a primeira pessoa a chegar no Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, Zona Sul do Rio, às 6h, para ser vacinada contra a Covid-19. Quase duas horas depois, a espera acabou: ela foi imunizada.
"Que Deus ilumine os cientistas, que permitiram esse momento, essa conquista superimportante. Estou agradecida a Deus e também a vocês, profissionais da saúde que estão todo dia nessa luta", disse a psicóloga, que trabalha em um curso que capacita cuidadores de idosos em Austin, Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.
Em quarentena desde o início da pandemia, em março do ano passado, Magdala não se encontra com os filhos e as netas desde então. A saudade, segundo ela, aperta a cada ligação feita. Cada vacinado não escondia a alegria por receber a dose contra o novo coronavírus . A saída da sala era acompanhada por um sorriso largo no rosto.
"Satisfação máxima por ser vacinado. Agora, é esperar a segunda dose para eu voltar a trabalhar. Tive que me afastar do que eu amo fazer, que é cuidar das pessoas", disse o médico Alexandre Mello, de 65 anos.
Aos 42 anos, a técnica de enfermagem Sandra Nascimento, 42 anos, acredita que essa segunda fase da vacinação contra a Covid-19 é sinônimo de esperança. Ela, que foi vacinada na última quarta-feira, conta que ver a alegria dos imunizados é outro motivo para acreditar em dias melhores. Nesta quarta-feira, no CMS João Barros Barreto, ela foi a responsável por aplicar a primeira dose da vacina de Oxford/AstraZeneca na capital fluminense.
"Sensação de esperança. A gente também fica muito feliz quando vê todos esses idosos entrando sorrindo e saindo daqui ainda mais felizes. É um recomeço depois de tanta luta, que não para: as máscaras, o álcool em gel e o distanciamento devem continuar para todos", destaca a técnica.
'Esperamos voltar à rotina'
O primeiro a se vacinar no Clínica da Família Estácio de Sá, no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio, com a dose inicial da AstraZeneca foi o médico Alfredo Moutinho, de 69. Emocionado, ele não quis falar com a imprensa. A vacinação do profissional aconteceu pouco depois das 8h. A responsável pela imunização do profissional foi a enfermeira Veluma Caetano das Mercês, de 24 anos, formada durante a pandemia .
"Eu me formei há sete meses e desde então estou trabalhando. Perdi muitos amigos no Hospital Federal de Bonsucesso e poder vacinar uma pessoa é uma satisfação. Esperamos cessar essa perda de pessoas da nossa família, profissionais e pacientes que acompanhamos. Esperamos voltar à rotina", disse a profissional.
O cardiologista aposentado Roberto Soares Londres, de 80 anos, foi o segundo a ser imunizado no Rio Comprido. Formado em 1965, o médico já trabalhou em hospitais como o Pedro Ernesto, o Miguel Couto e Hospital da Lagoa. Além das unidades públicas, durante 52 anos ele comandou a Clínica São Vicente, na Gávea. Hoje, o aposentado comemorou:
"Essa é uma doença que se propaga e, por isso, peço que os meus colegas se vacinem. Finalmente é o que a vacina representa. Estou feliz porque fui vacinado", declarou.
'Perdi um sobrinho de 13 anos'
Joana Angélica Barbosa Ferreira, de 67 anos, que trabalha no setor Microbiologia da Fiocruz há 44 anos, disse que o momento da vacinação foi contagiante. A bióloga comemorou por ter sido a primeira mulher a ser vacinada pela AstraZeneca na clínica.
"Não dói nada. E se doesse é para ter saúde. Temos que nos vacinar. Estou muito feliz. Nem dormi essa noite. Hoje é dia de festa. Venham se vacinar", disse.
Mãe de dois filhos e moradora do Rio Comprido, a profissional foi a primeira da família a ser imunizada . Há pouco menos de dois meses, Joana perdeu um sobrinho para a Covid-19. Eduardo Leal Keller tinha 13 anos e estudava no 7º ano do Colégio Pedro II, no Campus Humaitá, na Zona Sul do Rio, desde a educação infantil.
"Perdi um sobrinho de 13 anos. Ele vendia saúde há pouco mais de um mês. Por isso, temos que rezar para que toda a população seja vacinada o mais rápido possível", afirmou.