Documento mostra que Pfizer pediu pressa e avisou Bolsonaro que demanda era alta
Farmacêutica pediu celeridade ao governo federal na compra das vacinas, mas não obteve resposta. As negociações com a Pfizer não andaram até hoje; segundo Pazuello, devido às cláusulas impostas no contrato
A Pfizer enviou, em setembro do ano passado, um alerta para as principais autoridades brasileiras pedindo pressa sobre a compra das vacinas contra a Covid-19. Em documento, a empresa pediu "celeridade", pois "a demanda é alta". A empresa ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil, que não fechou acordo.
"A potencial vacina da Pfizer e da BioNtech é uma opção muito promissora para ajudar seu governo a mitigar essa pandemia. Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses da nossa vacina sejam reservadas para a população brasileira, porém, celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países", disse o CEO mundial da Pfizer.
"Minha equipe no Brasil se reuniu com representantes de seus ministérios da Saúde e da Economia, bem como com a embaixada do Brasil nos EUA. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas, até o momento, não recebemos uma resposta", continua o documento, obtido pela CNN Brasil.
Mesmo assim, as negociações com a Pfizer nunca andaram. Primeiro porque governo avaliou que as condições de armazenagem e destribuição dificultariam as questões logísticas no Brasil.
Outros motivos foram relacionados às cláusulas que a farmacêutica apresentou no contrato, como a que o Brasil depositasse valores em uma conta no exterior como garantia de pagamento; que questões contratuais fossem julgadas em um tribunal em Nova York, EUA; e que fosse assinado um termo de responsabilidade por eventuais efeitos colaterais da vacina.