Líderes criticam Bolsonaro por dizer que Forças Armadas decidem sobre ditadura
'Diante do desastre de sua gestão no que se refere à vacina e ao Amazonas, ele volta a ameaçar com ditadura', diz o líder do PSB, Alessandro Molon
Líderes de partidos na Câmara criticaram nesta segunda-feira uma declaração do presidente Jair Bolsonaro com a qual disse que as Forças Armadas decidem se país vive numa democracia ou ditadura.
– O papel das Forças Armadas está definido na Constituição, a qual todos devem obediência. A história nos mostra que toda vez que as Forças Armadas extrapolaram a sua missão, a experiência foi extremamente negativa – disse o líder do PSDB, Rodrigo de Castro (MG).
Castro acrescentou que “a democracia brasileira, apesar de consolidada, precisa ser fortalecida diariamente por todas as instituições”.
– Não há espaço para retrocessos e, sequer, para suposições ou ameaças de que as Forças Armadas poderiam atuar em sentido contrário – declarou.
O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), declarou que “toda vez que a incompetência de Bolsonaro é exposta, ele reage mudando de assunto”.
– Agora, diante do desastre de sua gestão no que se refere à vacina e ao Amazonas, ele volta a ameaçar com ditadura. Todos sabemos o papel das Forças Armadas: zelar pela defesa da pátria e dos poderes constitucionais, dentro do que estabelece a Constituição. Jamais fora dela – disse.
Molon declarou que “é óbvio que não são as Forças Armadas que decidem se viveremos em uma democracia ou em uma ditadura”. O congressista listou, em seguida, algumas perguntas que, de acordo com ele, não são óbvias:
– Quando todos seremos vacinados? Quando teremos um ministro da Saúde de verdade, e não um ajudante de ordens? Até quando brasileiros vão morrer de Covid graças à irresponsabilidade dele?
Impeachment
A líder do PSOL, deputada Sâmia Bomfim (SP), declarou que o impeachment do presidente é a única saída para frear a “sanha autoritária” dele. Ela mencionou a dificuldade de obter autorização para uso emergencial da vacina contra a Covid-19 e a tragédia de Manaus, capital do Amazonas, que precisou transferir pacientes para outros estados por causa da falta de oxigênio.
– A sanha autoritária de Bolsonaro não pode ser domada. Não há outra saída se não o impeachment. Com Bolsonaro, o país padece sem vacina, sem oxigênio em Manaus, sem política de emprego e renda, e com ameaças autoritárias diárias. Que mais forças possam se somar na luta pelo impeachment – disse.
O responsável por receber e pautar pedidos de impeachment contra integrantes do Poder Executivo (como o presidente da República) é o presidente da Câmara. Neste caso, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está perto do fim do mandato.
Até o momento, Maia já recebeu ao menos 60 pedidos de impedimento contra Bolsonaro, mas não pautou nenhum. Apenas uma das denúncias foi arquivada, logo no início da legislatura, em fevereiro do ano passado ,por se tratar de um “documento apócrifo”.