Incêndios no Pantanal já afetam quase metade das terras indígenas da região

Apenas no mês de setembro, são 164 focos de incêndio avançando sobre terras indígenas no Pantanal

Incêndios no Pantanal já tomam conta de quase metade das terras indígenas
Foto: Mayke Toscano/Secom-MT
Incêndios no Pantanal já tomam conta de quase metade das terras indígenas

Os incêndios no Pantanal, que já têm repercussões práticas em outros locais do Brasil, como a 'chuva preta' no Rio Grande do Sul , que poderá se repetir também em São Paulo neste fim de semana , tomam conta das terras indígenas - apenas neste mês de setembro, já foram 164 focos de incêndio -, afetando quase metade das terras indígenas do Pantanal, segundo levantamento da Agência Pública a com base em dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A apuração analisou todos os focos de incêndio registrados no Pantanal neste ano e mostra que o número passou a subir no fim de julho de julho e teve salto ainda maior em agosto e setembro. Nesses dois meses, estão concentrados 72% dos focos de incêndio no Pantanal .

Segundo o Inpe, em alguns casos os focos de incêndio começaram em propriedades privadas, se multiplacaram e só então invadiram as terras indígenas . Áreas de reserva legal e de mata nativa de donos de terra, que devem ser preservadas e são protegidas por lei, também tiveram registros de início dos focos.

Os relatos dão conta que as queimadas estão destruindo roças, queimando casas e tomando contas das terras indígenas da região. A Agência Pública encontrou focos de incêndio em cinco terras indígenas regularizadas nos municípios do Pantanal. Ao todo, são apenas 11 na região, então quase metade já sofre com a dura realidade dos incêndios no segundo semestre de 2020. A maior área indígena da região, localizada no Mato Grosso do Sul , é também a que teve mais focos até então, segundo os dados do Inpe. Na TI Kadiwéu, dos Terena e Kadiwéu, a maior TI da região, foram 176 focos de incêndio desde maio, sendo a maior parte concentrada no mês de agosto, o mais atingido até este sábado.

Nesta semana, em viagem ao Mato Grosso, o presidente Jair Bolsonaro chegou a sentir na pele os efeitos das queimadas no Pantanal. O  voo que levava o presidente arremeteu no aeroporto de Sinop (MT), justamente por conta da fumaça provocada pelos incêndios. Bolsonaro, no entanto, minimizou a situação, dizendo que "Quem nos critica não tem queimada  porque já queimaram tudo", criticando sobretudo países europeus, que denunciam o desmonte ambiental no Brasil.