Possibilidade de não ter desfile em 2021 será discutida no dia 24, diz Liesa

Essa é uma das propostas que serão discutidas com as 12 escolas do Grupo Especial do Rio. Manter data é considerado pouco provável

Marquês de Sapucaí pode não ter desfiles em 2021
Foto: Hudson Pontes / Prefeitura do Rio
Marquês de Sapucaí pode não ter desfiles em 2021

A possibilidade de não haver desfile das escolas de samba em 2021 não está descartada. Esse é uma das propostas que serão discutidos na reunião marcada para a próxima quinta-feira, dia 24, entre o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, e os 12 representantes das agremiações do Grupo Especial do Carnaval do Rio.

"Cancelamento, adiamento e se vai haver condição de fazer algum movimento em função da falta de vacina ou se vai ter vacina, tudo isso a gente vai conversar no dia 24", adiantou Castanheira.

Embora garanta que não haverá decisão unilateral e que todas as alternativas serão discutidas com dirigentes das escolas, Castanheira acredita ser pouco provável a possibilidade de manter a data original dos desfiles, em fevereiro. Ele acredita que, além de o calendário ficar apertado existem outras variáveis do ponto de vista sanitário.

"Acho pouco provável, pelo cenário atual. A maioria dos países da Europa tiveram um novo nível de contágio. Acho pouco provável ter autorização do govero para fazer aglomeração. Está previsto pela prefeitura que em novembro vai poder reabrir as quadras (das escolas de samba). Vamos ter de aguardar se de fato vai acontecer. São variáveis que vamos tratar na quinta. Vamos ouvir os prós e os contra de quem faz o carnaval", ponderou.

Sobre a chance de a festa ser adiada para meados do ano que vem, o presidente da Liesa diz que só será possível num formato alternativo de desfile, com menos alegorias e um custo mais baixo. Caso contrário, as escolas teriam dificuldade de fazer a festa de 2021 e planejar a do ano seguinte, em tão pouco tempo.

Segundo Castanheira, o Rio não está sozinho. Outros estados como São Paulo e Bahia também buscam alternativas para a possibilidade de não poder fazer o carnaval em fevereiro. Na capital paulista, a prefeitura já definiu que os desfles não ocorrerão na data oficial, falta apenas definir quando será realizado.

Por aqui, uma das possibilidades seria fazer os desfiles em julho. Porém, Castanheira lembra que no mesmo mês estão programadas as Olimpídas de Tóquio, o que pode ser ruim do ponto de vista do turismo. Há também os que achem que a opção não é boa, por conta da festas juninas, que são realizadas na mesma época.

"A gente não tem uma fórmula pronta. A gente vai tentar na quinta-feira pensar num formato que atenda as escolas e as pessoas que estão com o desejo de ter uma alternativa de lazer e de eventos, mas com muita prudência e cuidado.Só se tiver segurança, do ponto de vista de saúde. Senão não há possibilidade."

Será a segunda vez que o tema entra na pauta da Liga durante a pandemia. A plenária anterior foi realizada em meados de julho, quando os presentes resolveram aguardar até o mês de setembro, por ser considerado limite para a manutenção do calendário oficial, que prevê a realização da festa em fevereiro.

Audiência virtual da Câmara debate dsafios do carnaval da pandemia

Pela manhã, uma audiência pública virtual convocada pela Câmara Municipal do Rio discutiu os desafios da realização do carnaval de 2021, devido a pandemia do novo coronavírus. Ao ser questionado, o diretor de operações da Riotur, Marcelo Veríssimo, admitiu que o órgão ainda não tem nenhum posicionamento sobre a realização dos desfiles do ano que vem. Primeiro, ele disse que aguardava uma decisão da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Diante de reclamação de representantes de blocos que o carnaval não se resume à Sapucaí, ele argumentou que a prefeitura dependia também de outras opiniões, como as do comitê científico que tem orientado o município na tomada de decisões sobre a flexibilização das atividades na cidade.

"Ninguém aqui está querendo tapar o sol com a peneira, a verdade é essa. O desejo de todos é que tenha carnaval. Estamos aguardando, sim, alguns posicionamentos. Uns dizem que a curva (de contágio) está descendo outros dizem que está subindo. A gente aqui, como Riotur, está observando. Não estamos omissos. Estamos aguardando as pesquisas, a vacina, que é o que a gente mais quer, mas não tem ainda um posicionamento correto sobre a data do carnação. Não tenho no momento uma colocação a fazer", admitiu Veríssimo.

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Algumas escolas já se posicionaram sobre a decisão de só ter os desfiles quando houver uma vacina. Esse foi também o posicionamento dos representantes das diversas ligas de blocos de rua, bem como das agremiações que participaram da audiência pública virtual, convocada pela Comissão Especial de Carnaval, presidida pelo vereador Tarcísio Motta (PSOL).

"Sem vacina é inviável fazer qualquer carnaval. Hoje as escolas do Grupo Especial estão voltadas para a saúde dos seus profissionais e componentes", defendeu Fernando Fernandes, presidente da Vila Isabel, que como os demais, cobrou apoio financeiro da prefeitura.

Bruno Teté, diretor da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), que representa as escolas da Série A, disse que sua liga pretende seguir o posicionamento da Liesa, que é quem tem o contrato cessão do Sambódromo. Ele defendeu a realização do carnaval em outra data, quando tiver a vacina. Segundo Bruno, a principal preocupação das agremiações é com a sobrevivência dos seus trabalhadores e componentes.

"Não pensamos no desfile agora, mas nos que estão sem recursos para sobreviver. Essa é a nossa preocupação agora. Saúde em primeiro lugar, mas o combate à fome não pode sair do nosso pensamento."

Moacyr Barreto, vice-presidente de projetos especiais da Mangueira, que representava a Verde e Rosa na audiência virtual, reclamou das dificuldades enfrentadas pelas agremiações para manter suas contas em dia e honrar os pagamentos dos trabalhadores. Ele disse que todas as soluções apontadas até agora, como o auxilio emergencial, são individuais e cobrou soluções instituições para as agremiações . Esse questionamento também ficou sem resposta dos representantes da Riotur.

Os representantes dos blocos de rua, também se mostratam contrários à realização dos desfiles enquanto não houver uma vacina contra a Covid-19 e também cobraram ajuda do Poder Público .

"Não faremos carnaval oficialmente na data, porque entendemos que a pandemia não acabou. Não contem conosco, porque não colocaremos o bloco na rua", afirmou Rita Fernandes, presidente da liga de blocos Sebastiana.

Esse foi o mesmo posicionamento apresentanto por representantes de outras ligas e bloco, como Márcia Rossi, do Carnafolia, Daniela Freitas, do Bagunça o meu coreto; e Valéria Wrigt, da Liga Sambare, que representa os blocos da Zona Oeste.

Na falta de uma proposta concreta da Riotur, seja para ajudar as escolas de samba e os trabalhadores do carnaval ou sobre uma definição dos desfiles, o vereador Tarcísio Motta apresentou duas ideias: Uma delas é a abertura de um edital de premiação que possa contribuir para a sobrevivência das escolas e seus operários. A outra é de realização de uma nova audiência em 5 de novembro, a cem dias do carnaval pelo calendário oficial, para discutir um plano emergencial para 2021.