Bolsonaro tem os dois maiores recordes de alertas de desmatamento na Amazônia

Mesmo antes do ano acabar, 2020 e 2019 já são os dois piores registrados por sistema que detecta desmate em tempo real com alta resolução

Governo Bolsonaro já tem os dois maiores recordes de alertas de desmate na Amazônia
Foto: Divulgação/Imazon
Governo Bolsonaro já tem os dois maiores recordes de alertas de desmate na Amazônia

O segundo ano do governo Bolsonaro ainda não acabou, mas o atual presidente da república já acumula sob sua gestão os dois piores anos do desmatamento na Amazônia desde a estreia do sistema Deter B, que monitora desmatamento em tempo real, em 2015.

Os dados de agosto do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) foram publicados nesta sexta-feira(11) e revelaram o corte raso de 1358 km² de floresta, o que totaliza 6.301 km² de alertas de desmate no ano inteiro.

O número dos alertas desmate de agosto 2020 havia sido antecipado pelo vice-presidente Hamilton Mourão na semana passada no Twitter, numa mensagem em que ele comemorava a marca, por representar uma redução de 20% em relação a agosto do ano passado. A postagem não mostrava anos anteriores a 2019 e não detalhava os dados. A cifra de agosto, porém, faz o atual ano ultrapassar o de 2016 (6.032 km²) que até então havia sido o pior da série do Deter B.

Na comparação com outras décadas do desmate, o Deter indica a pior tendência da década, mas a comparação é difícil de fazer porque antes de 2015 o sistema só capturava desmatamentos com resolução de 250m. Hoje a resolução é de 30m.

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O sistema que efetivamente mede o desmatamento na Amazônia brasileira é o Prodes, que mede a taxa de um ano inteiro e a compara com o ano seguinte, considerando um "ano-fiscal" de agosto de um ano a julho do próximo.

Considerando o ano-fiscal, o Deter desde ano indica aumento de 34% em relação ao do ano passado, mas é preciso esperar o dados do Prodes saírem em novembro para saber se a expectativa de piora se mantém. Caso o Prodes cresça na mesma proporção, o ano-fiscal desmatado em 2019/2020 terá sido a pior marca de desmatamento desde o de 2007/2008, quando a floresta perdeu mais de 12 mil km².

Em nota, o porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil Rômulo Batista destacou que a floresta continua queimando na estação de seca e afirmou que os desmatadores ilegais podem ter "diminuído um pouco" o ritmo da derrubada das florestas, mas há um "aumento assustador" das queimadas, "outra face da mesma moeda do desmatamento".

"Esses números são reflexos da política anti-ambiental do governo e de suas ações comprovadamente ineficazes em conter a destruição, como a moratória do fogo e a Operação Verde Brasil 2. O fogo é usado por fazendeiros e grileiros para remover a floresta ou quando ela já está derrubada e seca pelo sol, visando aumentar as áreas de pastagem ou agrícolas, especulação de terras e grilagem", afirmou.