MP investiga tentativas de convencer família de criança estuprada a não abortar

Segundo familiares da menina abusada, “grupos políticos” foram até ela para pedir que o aborto não fosse realizado, mesmo que menina tivesse direito assegurado

Hospital do Espírito Santo se negou a fazer aborto
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil
Hospital do Espírito Santo se negou a fazer aborto

Pouco após a  permissão da Justiça para que o feto gerado pela criança de 10 anos abusada pelo tio no interior do Espírito Santo fosse abortado, grupos tentaram convencer familiares da menina a não fazer o procedimento por meio de áudios.

O caso é analisado pela promotoria da Infância e Juventude da cidade de São Mateus, que analisa a suposta ida de grupos políticos até a casa da avó da menina, e pelo Ministério Público, que investiga a procedência das mensagens enviadas por aplicativos de celular.

Nas mensagens, uma pessoa não identificada promete colocar médicos "que sabem lidar com esse tipo de situação" à disposição da criança. "Tão dando toda a garantia que fazer o que eles querem fazer agora é mais risco do que levar a gestação à frente e fazer uma cesárea com anestesia, com tudo correto, entendeu?", afirma pessoa não identificada em áudio divulgado pelo programa Fantástico.

Além de pessoas ligadas diretamente à família que tentaram impedir o aborto, membros de grupos religiosos do Recife, cidade para qual a criança foi enviada após ter procedimento recusado no Espírito Santo, também fizeram campana diante do hospital no qual a criança foi internada.

A movimentação ocorreu após uma publicação de dados sigilosos, incluindo o nome da menina, por parte da extremista Sara Winter em uma publicação no Twitter. Não há até o momento investigação em curso para descobrir como a mulher conseguiu as informações.