“Arrastaram meu sobrinho”, diz tia de jovem morto após torneio de futsal no Rio
Jovem de 20 anos foi uma das duas pessoas assassinadas no Morro dos Macacos, Zona Norte do Rio de Janeiro, em ação policial feita no sábado
Por Agência O Globo |
Uma tia de Caio Gabriel Vieira, de 20 anos, morto no sábado após participar de um torneio de futsal no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, cobra da Polícia Militar uma explicação sobre o motivo de o jovem ter sido baleado. Tia do rapaz, Flomara Laura dos Santos contou que o sobrinho participava de uma comemoração quando agentes pularam o muro e lançaram bombas de gás. Além de Caio, uma outra pessoa foi morta a tiros.
“Todos correram. Inclusive o Caio. Quando ele foi atingido, pediu socorro. Quem estava perto gritou: "é morador, é morador". Mas não adiantou. Arrastaram meu sobrinho pela perna para levar para o (Hospital do) Andaraí”, disse Flomara Laura dos Santos.
Segundo ela, Caio tinha uma entrevista de emprego marcada para esta terça-feira, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital. Flomara pediu o fim da violência policial em comunidades do Rio. “A gente luta para acabar com o que acontece nas comunidades”.
O corpo de Caio foi liberado na manhã desta segunda-feira do Instituto Médico-Legal (IML). Ele será enterrado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte da cidade.
No sábado, após a morte de Caio e de outro rapaz no Morro dos Macacos, a Polícia Militar divulgou uma nota informando que o policiamento havia sido reforçado na Rua Armando de Albuquerque por causa de uma denúncia de ataque contra a base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o que ocorreu por volta das 3h. Houve tiroteio e, de acordo com a corporação, após o confronto, foram encontrados baleados dois homens, "um de vulgo 'Cascão', e um outro de vulgo 'Jacaré'" que estariam com drogas e arma. Leia a íntegra da nota:
Você viu?
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, equipes da UPP/Macacos, reforçaram o patrulhamento na Rua Armando de Albuquerque, Morro dos Macacos, Zona Norte do Rio, na madrugada deste sábado (15/8), após receberem denúncia de que possivelmente haveria um ataque à base principal da Unidade. Por volta das 3h, a unidade foi atacada por disparos de arma de fogo, vindo de diversos pontos simultâneos da localidade e houve revide. Ao cessar o confronto, foram encontrados dois homens caídos ao solo, um de vulgo 'Cascão', e um outro de vulgo 'Jacaré', ambos foram socorridos ao Hospital Federal do Andaraí, mas não resistiram aos ferimentos. Com eles foram apreendidas uma pistola calibre 9mm marca Glock, um rádio transmissor, dez frascos de loló, cinco sacolés de maconha, 112 pinos de cocaína e R$ 32,00 em espécie. Vale ressaltar que ambos eram monitorados pelo Núcleo de Inteligência da UPP/Macacos. Ocorrência encaminhada para a 20°DP".
Nesta segunda-feira (17), a PM divulgou uma nova nota, destacando que "respeita a dor e a versão dos familiares". Neste novo comunicado, a corporação não afirma que o material apreendido estava com os dois homens baleados, citando apenas que "também houve apreensão de uma pistola calibre 9 mm, um rádio comunicador, drogas e dinheiro em espécie". A corporação destaca, ainda, que neste momento "qualquer ilação é prematura":
"A Polícia Militar respeita a dor e a versão dos familiares. No entanto, reforça que, segundo os policiais militares presentes na ação, ocorreu reação a um ataque criminoso. Após cessar o confronto, dois indivíduos feridos foram localizados, sendo socorridos ao Hospital Federal do Andaraí, e também houve apreensão de uma pistola calibre 9 mm, um rádio comunicador, drogas e dinheiro em espécie.
Todas as circunstâncias que envolveram o episódio serão apuradas pela Delegacia de Homicídios, onde a ocorrência foi registrada, e pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora. Nesse momento, qualquer ilação é prematura".