Ignorando estudos, Ministério da Saúde pede à Fiocruz que recomende cloroquina

A orientação vai na contramão de evidências científicas e recomendações da OMS

Cloroquina
Foto: Alexandre Durão/Código 19/Agência O Globo
Cloroquina

Em ofício enviado à Fiocruz e aos institutos Evandro Chagas (INI) e Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), o Ministério da Saúde solicitou a ampla divulgação do uso de hidroxicloroquina e cloroquina, no âmbito do SUS, como tratamento para os primeiros dias em que os sintomas da Covid-19 se manifestarem.

A recomendação vai contra evidências científicas, que apontam para a ineficácia dos medicamentos no combate ao novo coronavírus e destacam possíveis efeitos colaterais, como arritmia cardíaca.

Apesar disso, consta no ofício assinado pelo secretário de Atenção Especializada à Saúde, Luiz Otavio Franco Duarte, que seria "essencial" divulgar a "prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina , mediante livre consentimento esclarecido do paciente com diagnóstico clínico de Covid-19". A medida seria parte da estratégia do Ministério para reduzir o número de casos mais graves que precisam de internação hospitalar.

A própria Fiocruz está envolvida em pesquisas que avaliam a eficácia de medicamentos para a Covid-19, como o estudo clínico Solidariedade, da OMS . Em junho, testes com hidroxicloroquina e cloroquina foram suspensos por não reduzirem a mortalidade dos pacientes. A instituição brasileira declarou, em nota, que recebeu o ofício e “entende ser de competência dos médicos sua possível prescrição".