Rio registra 2,4 mil novos casos de Covid-19; mortes chegam a 9,4 mil

Estado ainda investiga 1.122 óbitos suspeitos

Enterro de vítima da Covid-19 no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio
Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Enterro de vítima da Covid-19 no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio

Dados da secretaria estadual de Saúde mostram que nas últimas 24 horas o Rio confirmou 2.404 novos casos por Covid-19 e 155 vítimas fatais. Desde o início da pandemia, o estado acumula 105,9 mil casos e 9.450 mortes.

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O Rio ainda investiga 1.122 óbitos suspeitos e 294 já foram descartados. Em terrotório fluminense, 85.690 pacientes se recuperaram da doença.

As cidades com mais mortes registradas por coronavírus são:

  • Rio de Janeiro: 6.161
  • Duque de Caxias: 410
  • São Gonçalo: 386
  • Nova Iguaçu: 331
  • São João de Meriti: 186

Os municípios com mais casos de Covid-19 são:

  • Rio de Janeiro: 54,1 mil
  • Niterói: 5,9 mil
  • São Gonçalo: 4,6 mil
  • Nova Iguaçu: 3,1 mil
  • Duque de Caxias: 2,9 mil

Prefeitura do Rio determina que ônibus não podem ter mais de dois passageiros por metro quadrado

Três dias após anunciar que ônibus poderiam circular com passageiros em pé , a Prefeitura do Rio publicou nesta quinta-feira um decreto no Diário Oficial que regulamenta a prática. De acordo com as novas regras, os coletivos deverão respeitar o limite de dois passageiros por metro quadrado. O texto traz ainda uma série de obrigações tanto para os passageiros como para as concessionárias de transporte público que deverão ser cumpridas durante a flexibilização do isolamento social na cidade. As medidas fazem parte do plano de retomada das atividades no município.

A Secretaria municipal de Transportes vai recomendar aos usuários que deem um passo de distância dos outros, entre os que estiverem de pé no corredor. Já as concessionárias serão orientadas a pintar marcações no chão dos coletivos para ajudar no distanciamento. Por telefone, a assessoria de imprensa da pasta informou que as empresas serão notificadas a respeito dessas orientações, que não constam por escrito no decreto.

O decreto prevê punições para os passageiros que descumprirem as regras. De acordo com o texto, os usuários que desobedecerem às normas poderão ser advertidos e, em caso de reincidência, convidados a se retirar dos coletivos ou das estações, com o auxílio da Polícia Militar e da Guarda Municipal, caso necessário.

Passageiros devem seguir regras

O artigo 4º do decreto, direcionado aos passageiros, traz cinco determinações: que os usuários higienizem as mãos antes e depois da viagem; que evitem tocar o rosto enquanto as mãos não estiverem higienizadas; que deem prioridade ao pagamento da passagem com cartão magnético, para evitar manusear dinheiro; que usem o antebraço para proteger o rosto no caso de tosse ou espirros; e que considerem a possibilidade de trocar o ônibus pelo uso de bicicleta ou outros "modos de transporte ativo e de pequeno porte não poluentes".

As obrigações das concessionárias estão no artigo 5º do decreto, que determina, entre outras coisas, que as empresas higienizem os coletivos nos intervalos das viagens; que disponibilizem álcool em gel nas estações do BRT; que organizem filas na área externa dos terminais; e que providenciem equipamentos de proteção para todos os funcionários.

O secretário municipal de Transportes, Paulo Jobim, afirmou em depoimento gravado em vídeo que a pasta vai "continuar a fiscalizar rigorosamente o cumprimento das normas" e pediu a colaboração dos passageiros e das empresas.

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"Nós temos a nossa responsabilidade: continuar a fiscalizar rigorosamente o cumprimento das normas. Agora os prestadores de serviço também têm suas responsabilidades. Eles têm que higienizar os veículos, orientar as equipes, evitar que as regras sejam descumpridas. E você, usuário do serviço, é um elo importantíssimo nessa cadeia. Por favor, venha conosco. Cuidado, preserve sua vida e preserve as vidas de outras pessoas mantendo as distâncias regulamentares, evitando as aglomerações, higienizando as mãos, usando máscaras o tempo inteiro, evitando portanto que aqueles momentos de pico no transporte público sejam fator de disseminação do vírus", afirmou Jobim.

Já o presidente do Rio Ônibus, Cláudio Callack, demonstrou preocupação com alguns pontos do decreto e ressaltou que "não é natural do contrato de trabalho" dos motoristas ter poder de polícia para expulsar passageiros dos veículos.

"Entendo que é mais um importante passo para a retomada da cidade, inclusive já marquei uma reunião hoje (nesta quinta-feira) com o secretário de Transportes para discutir e entender melhor algumas questões. Por exemplo, não é natural do contrato de trabalho do rodoviário fiscalizar passageiros ou ter o poder de polícia para controlar o que consta da resolução. É importante também lembrar que a gente precisa de uma atenção maior do poder público, como vem acontecendo em várias outras cidades que tiveram atenção da situação financeira em que as empresas de ônibus se encontram para que elas possam retomar as atividades de uma maneira sadia, que teve o seu resultado estupidamente agravado durante o período da pandemia", afirmou Callack.

O professor de infectologia da UFRJ Edimilson Migowski afirma que o transporte público é o principal gargalo no combate à disseminação do novo coronavírus.

"É importante ter veículos, vagões e carros suficientes nesses meios de trabsporte para que as pessoas possam ser transportadas com distanciamento seguro umas das outras. O meio de transporte com grandes aglomerações é o principal local de disseminação do vírus. É o principal gargalo, já que estamos diante de uma doença que se transmite de pessoa para pessoa. Todos os olhares devem cair sobre o transporte público nesse momento. Uma prática que pode ajudar é o escalonamento de entrada e saída do trabalho, de forma que reduza os horários de pico nos transportes públicos", afirma o especialista.

Nas redes sociais, internautas criticaram as novas regras. "Só faltava essa... Agora vou ter que andar com uma trena na mão para saber onde posso ficar no corredor do BRT", ironizou Susana Bezerra. Igor Cavalcanti foi mais sucinto: "Isso não vai dar certo". Carlos Ribeiro reclamou da pouca oferta de veículos: "Posso ficar duas horas esperando que não aparece um BRT vazio. Esse decreto é uma viagem", escreveu.

A retomada gradativa das atividades tem sido sentida nos meios de transporte públicos.

O Metrô Rio registrou um aumento no número de passageiros essa semana, em relação às semanas anteriores. A quantidade de usuários registrado nesta quarta-feira foi 10% superior em comparação às últimas semanas, de acordo com a concessionária. Ainda assim, a prestadora de serviço estimou uma perda de 357.518 passageiros somente nesta quarta-feira.

O BRT também registrou um aumento gradativo no número de passageiros. De acordo com o consórcio, "com a adoção das medidas restritivas necessárias para o combate da Covid-19, a redução de passageiros no BRT Rio chegou a 75%. Este índice caiu gradativamente e agora a redução se mantém em 60% em relação ao último dia antes das medidas restritivas".