Mãe analfabeta desiste de pegar material escolar do filho por não saber ajudá-lo
Letícia de Souza da Silva, moradora da favela do Morro do Papagaio, em Belo Horizonte, desistiu de pegar o material escolar do filho por não saber ler
Por iG Último Segundo |
Com as mudanças geradas pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), a maioria dos exercícios escolares das crianças precisa do apoio de pais ou responsáveis. A história se complica quando a família não teve acesso à educação antes das crianças, como é o caso de Letícia de Souza da Silva, moradora da favela do Morro do Papagaio, localizada em Belo Horizonte.
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Por ser analfabeta, ela desistiu de pegar o material didático fornecido pela escola para um dos seus nove filhos. Por não saber escrever e ler, ela não terá como ajudá-lo nas tarefas do ensino feito à distância.
“Nunca tive estudo na vida. Tenho dificuldade”, disse ela. O conteúdo da escola também é disponibilizado pela internet. Mas Letícia não tem telefone celular ou computador em casa", disse Letícia ao G1 de Minas Gerais.
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Foi pela vizinha Gleiciane Santos Pereira que Letícia ficou sabendo que o material físico havia sido disponibilizado pela Escola Municipal Benjamin Jacob.
“Eu fico falando para ela. Eu falo pra ela onde está entregando. Mas não ajuda muito e acaba desanimando ela. A maioria dos exercícios você tem que ler com seu filho. E quem não sabe ler?”, disse a vizinha, que é manicure e diarista e tem um filho de oito anos e precisou levar a criança para a residência de um amigo que tem wi-fi para o filho conseguir estudar.
“Eu estava arriscando sair com ele para não ficar prejudicado porque o certo é ficar dentro de casa. Eu tinha que sair porque não tenho acesso à internet”, contou Gleiciane sobre o cenário anterior à entrega de materiais físicos para as aulas.
“Estou estudando porque quero ser bombeiro”, disse Philipe Matheus, filho de Gleiciane.