PF investiga bolsonaristas ligados a atos antidemocráticos

Mandados de busca e apreensão foram para colher provas a respeito da origem e estrutura de recursos

Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e Distrito Federal
Foto: Reprodução
Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e Distrito Federal


A Polícia Federal (PF) cumpriu , nesta terça-feira (16), 21 mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito que apura violações à Lei de Segurança Nacional em atos de rua que, desde abril, pedem o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). 

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As ordens foram autorizadas pelo relator do inquérito no Supremo, ministro Alexandre de Moraes , a pedido do vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques. As buscas têm o objetivo de colher provas a respeito da origem de recursos e a estrutura de financiamento dos atos, informou a PF.

Uma das linhas de investigação apura se os alvos das buscas "teriam agido articuladamente com agentes públicos que detêm prerrogativa de foro no STF para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional (7.170/1983)", disse a Procuradoria-Geral da República em nota.

Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e Distrito Federal. Entre os alvos, estão o jornalista Allan dos Santos, responsável pelo site Terça Livre e o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) .

O outro lado

No Twitter, Daniel Silveira disse estar "incomodando algumas esferas do velho poder" e afima que continuará "firme nessa guerra".

Já o jornalista Allan dos Santos gravou e postou um vídeo em suas redes sociais, logo depois de os policiais saírem de sua casa. Nele, Santos afirmou que seus advogados vão pedir acesso aos autos do processo e ainda relatou que seu computador foi levado pelos agentes. 

"Moralmente falando sua conduta [do ministro Alexandre de Moraes] é a de um verme, um verme imoral, um verme lixo", disse ele em uma transmissão em seu canal de YouTube , o "Terça Livre". 

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"Alexandre de Moraes , aprenda uma coisa, eu sou homem, eu nunca teria a capacidade moral que você tem de fazer isso, de colocar brasileiro contra brasileiro usando força policial", afirmou Santos.

Outro investigado que postou um vídeo para falar sobre a ação da PF foi o youtuber Alberto Silva. Questões como "Qual é a tentativa? De calar?", 'Essa é a tentativa?" e "De calar as pessoas que estão falando do Supremo Tribunal Federal?" foram levantadas pelo youtuber. Ele, que disse ter tido equipamentos de gravação e celular apreendidos pela polícia, terminou a transmissão afirmando apenas querer "respostas sobre o que está acontecendo no Brasil".

Já a jornalista e militante Camila Abdo contou, em suas redes sociais, que prestou depoimento à Polícia Federal e teve pertencens apreendidos também. Apesar da ação da PF, ela reforçou o apoio a Bolsonaro.

Desdobramento anterior

Ontem (15), a PF cumpriu outros seis mandados de prisão temporária no âmbito do mesmo inquérito. A militante Sara Winter, líder de um grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro chamado 300 do Brasil, estava entre os presos.

Por ordem do governo do Distrito Federal (GDF), o acampamento do grupo foi retirado no sábado (13) dos arredores da Esplanada dos Ministérios, onde estava há diversas semanas.

No domingo (14), o procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu abrir uma apuração própria sobre um ataque com fogos artifício que foram lançados contra a sede do Supremo na noite de sábado. Ele determinou que informações sobre o assunto sejam encaminhadas a seu vice, Humberto Jacques, que supervisiona o inquérito sobre atos antidemocráticos .

Esse inquérito foi aberto em abril a pedido de Aras, depois de manifestantes levantarem faixas pedindo a intervenção militar e o fechamento de instituições democráticas durante ato em apoio a Bolsonaro em Brasília e outras cidades do país.

"O Estado brasileiro admite única ideologia que é a do regime da democracia participativa. Qualquer atentado à democracia afronta a Constituição e a Lei de Segurança Nacional”, escreveu Aras na ocasião.