Operação da PF investiga superfaturamento em hospital do RS

Municípios do Rio Grande do Sul tem hospitais alvos de ação intitulada 'Operação Camilo', que investiga desvio de recursos da saúde

Municípois do RS são alvo de investigações sobre desvios de recursos públicos
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Municípois do RS são alvo de investigações sobre desvios de recursos públicos

A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (27), em municípios do Rio Grande do Sul, a Operação Camilo, que apura crimes de fraude à licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa, ocultação de bens, crime de responsabilidade e desobediência em recursos de saúde.

De acordo com a investigação, os valores foram repassados pela União e pelo estado a uma Organização Social (OS) terceirizada pelo Hospital Regional do Vale do Rio Pardo.

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Além da PF, a força-tarefa é formada pela Controladoria Geral da União, o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Rio Grande do Sul. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 15 milhões.

Ao todo, os policiais cumprem 61 mandados de busca e apreensão, 15 de prisão temporária, além de medidas judiciais de sequestro de bens móveis e imóveis, bloqueio de valores depositados em contas dos investigados e de empresas e afastamento cautelar de funções exercidas por cinco servidores públicos municipais.

As ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e pela Justiça Estadual de Rio Pardo/RS e foram cumpridas nos municípios gaúchos de Porto Alegre, Rio Pardo, Butiá, Canoas, Capela de Santana, Gravataí, Cachoeirinha, São Leopoldo, Guaíba, Portão, Cacequi e São Gabriel, nas cidades paulistas de São Paulo e São Bernardo do Campo, na cidade do Rio de Janeiro, e em Florianópolis e São José, no estado de Santa Catarina.

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Denúncia

O serviço de saúde do Hospital Regional do Vale do Rio Pardo foi terceirizado para uma OS por meio de processo de chamamento público direcionado. A instituição vencedora foi escolhida em outubro de 2017, para administrar diversos subsistemas de atividades, como serviços de vigilância e portaria, alimentação e dietética, manutenção predial, lavanderia, limpeza e sanitização hospitalar, radiologia, exames de imagem e Samu.

Depois de contratada, a organização subcontratou empresas que serviram para desvio de dinheiro público, especialmente por meio de superfaturamento dos valores cobrados pelos serviços prestados e pela não execução de partes de suas obrigações contratuais.

As provas coletadas indicam a existência de esquema criminoso, que conta com a participação dos gestores da organização, de empresas privadas e de servidores públicos.

No período compreendido entre novembro de 2017 e fevereiro de 2020 foram destinados ao hospital cerca de R$ 60 milhões em recursos federais e estaduais. Desse valor, R$ 30 milhões foram repassados pela Organização Social às empresas subcontratadas.

Outro fato identificado pela força-tarefa, já no período de enfrentamento à covid-19, foi o repasse de R$ 3,3 milhões à empresa ligada à Organização Social que deveriam ser destinados à construção de dez leitos de UTI no hospital de Rio Pardo.

As obras estão em andamento, mas o projeto é impreciso, sem levantamentos prévios de custos, utilizado somente para recebimento da verba pública. A empresa contratada para executar a obra pertence ao mesmo grupo criminoso investigado.

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O nome da operação guarda relação com o santo da Igreja Católica São Camilo de Léllis, intercessor de todos os enfermos e profissionais de saúde.