Médica denuncia condições do Hospital de Campanha do Maracanã e pede demissão
Após um dia de plantão, anestesista Priscila Eisembert desistiu do trabalho no hospital por falta de medicamentos e exames para os pacientes
Por Agência O Globo |
Uma médica pediu demissão após seu primeiro plantão no Hospital de Campanha do Maracanã por conta da falta de estrutura da unidade para tratar os pacientes diagnosticados com o novo coronavírus .
A anestesista Priscila Eisembert disse ao RJTV que o hospital não tinha exames e medicamentos básicos, como sedativos utilizados para a ventilação dos pacientes. Priscila conta que teve problemas para atender todos os pacientes durante o plantão, justamente porque faltavam os medicamentos necessários para tratá-los.
"Não tinha midezolan e fentamil. São sedativos. O paciente precisa tá acoplado à ventilação mecânica e eles precisam estar bem sedados. Se não a gente não consegue usar o ventilador. Se não estiver sedado, além de ele brigar com o ventilador, a gente não consegue botar os parâmetros ideais no ventilador. E em termos emocionais também é muito ruim porque o paciente acaba tendo consciência. [...] E a gente não tinha nenhum betabloqueador, que a medicação que eu precisava fazer pra ele", disse a anestesista ao RJTV.
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Ainda segundo Priscila Eisembert, que trabalha no Sistema Único de Saúde ( SUS ) há 10 anos, não haviam exames laboratoriais no hospital do Maracanã e os pacientes estavam há mais de dois dias sem fazer exame de sangue. Priscila diz que viu duas pessoas com Covid-19 morrerem durante seu plantão e que a falta de insumos pode ter contribuído para a morte desses pacientes.
"Tem muito profissional querendo trabalhar [...] mas infelizmente não dá pra ter estômago pra ver essa atrocidade. O médico, infelizmente, não faz milagre. Ele precisa ter o mínimo pra trabalhar. Aquilo é um CTI de fachada. Não tem nem o mínimo de um CTI", contou a médica.
Ao Globo, a Secretaria Estadual de Saúde reconheceu a falta de medicamentos e disse que vai cobrar providências à Organização Social Iabas, responsável pelo hospital. Organização Social Iabas afirmou que não há falta de remédios.