Pandemia deve fazer IDH retroceder pela primeira vez desde 1990

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) observa que renda per capita global deve sofrer queda de 4% este ano

Favela Acari, no Rio de Janeiro; desigualdade social deve aumentar por conta dos impactos da pandemia
Foto: Reprodução/ YouTube
Favela Acari, no Rio de Janeiro; desigualdade social deve aumentar por conta dos impactos da pandemia

O índice de Desenvolvimento Humano global, que combina os níveis de educação, saúde e padrão de vida de todos os países, pode retroceder em 2020 devido à pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). A tendência foi observada em relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nesta quarta-feira (20). Seria a primeira queda desde que o índice foi criado em 1990.

Os números são divulgados anualmente em relatórios do Pnud e utilizados pela ONU para medir o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de todos os países.

"O mundo passou por muitas crises nos últimos 30 anos, incluindo a crise financeira global de 2007 a 2009. Cada uma delas afetou fortemente o desenvolvimento humano, mas, em geral, os ganhos de desenvolvimento foram acumulados globalmente ano a ano”, afirmou o Administrador do PNUD, Achim Steiner. “A covid-19, com seu triplo impacto em saúde, educação e renda, pode mudar essa tendência.”

De acordo com o documento, as quedas nos níveis fundamentais do desenvolvimento humano estão sendo sentidas na maioria dos países, tanto os ricos, quanto os pobres. O Pnud estima que a renda per capita global recue 4% neste ano.

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Saúde

Os efeitos na saúde são os mais evidentes: o colapso dos sistemas de saúde em todo o mundo aumenta o índice de mortalidade não apenas da Covid-19, mas também prejudica o atendimento de outras enfermidades. O colapso também contribui com o aumento da letalidade por Covid-19 entre pessoas que não são consideradas parte do "grupo de risco" para a doença. Os casos já confirmados de coronavírus, em escala global, se aproximam de 5 milhões.

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Segundo relatório divulgado na última semana pelo  Fundo Nações Unidas para a Infância (Unicef), 6 mil crianças podem morrer diariamente de causas que poderiam ser evitáveis, nos próximos seis meses, em razão do enfraquecimento dos sistemas de saúde.

O Pnud considera que, apesar da queda acontecer em todos os países, o impacto será maior nos países em desenvolvimento, uma vez que são menos capazes de lidar com as consequências socioeconômicas da pandemia.

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Educação

O relatório do Pnud aponta para a maior taxa de abandono escolar desde os anos 1980. Levando em conta os estudantes em idade escolar primária, a estimativa é que, no momento, 60% das crianças em todo o mundo não estejam estudando.

Em países como desenvolvimento humano considerado muito alto, 20% das crianças estão sem aulas, mesmo com a maioria das escolas fechadas. Já nas nações de desenvolvimento humano baixo (IDH abaixo de 0,555), o número chega a 86%, o que mostra que o impacto nestes países é muito mais forte.

Além de expor a desigualdade social entre os países, o programa das Nações Unidas ainda comenta sobre outros fatores de segregação social, como gênero e raça. 

Segundo o Pnud, os impactos negativos da crise do coronavírus sobre mulheres e meninas abrangem aspectos econômicos – ganhos e economias cada vez menores, insegurança no trabalho, saúde reprodutiva, aumento do trabalho não remunerado e violência baseada em gênero.