Líderes evangélicos reclamam de "endeusamento da ciência" durante pandemia

Líderes evangélicos da Coalizão Pelo Evangelho assinaram manifesto em que criticam politização e endeusamento da ciência durante pandemia

Manifesto foi assinada por 17 líderes evangélicos
Foto: Pixabay/Myriam Zilles
Manifesto foi assinada por 17 líderes evangélicos

A Coalizão Pelo Evangelho, entidade religiosa que reúne líderes evangélicos de diversas partes do país, divulgou um manifesto intitulado " Pela Pacificação da Nação em Meio à Pandemia ", na última segunda-feira (4). No documento, criticam a politização do momento atual, a mídia e o "endeusamento da ciência".

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"A mídia claramente não goza da credibilidade que outrora desfrutava. Testemunhamos nesses dias, até mesmo, a triste politização e endeusamento da ciência ", afirmam os líderes evangélicos sobre o atual cenário de pandemia do Covid-19. 

O manifesto é assinado por 17 líderes religiosos de diversos estados brasileiros e de diferentes igrejas ou entidades evangélicas, entre elas: a Primeira Igreja Presbiteriana do Recife, a Convenção Batista Reformada do Brasil, Visão Nacional para a Consciência Cristão, da Paraíba e o Seminário Martin Bucer, de São José dos Campos (SP).

A entidade também mostra receio pelas consequências das estratégias de contenção da pandemia tomada por líderes políticos. "A estratégia de contenção de propagação do vírus impôs outro grande desafio, que são seus inevitáveis efeitos colaterais sociais, sendo o mais nítido a degradação da economia, que apenas começava a se recuperar após anos de estagnação".

Eles se preocupam também com questões psicológicas e morais nesse momento de quarentena, como "comprometimento na saúde mental de muitos brasileiros, no aumento da violência doméstica, do consumo de pornografia, e no de perversões, tais como a pedofilia virtual ou intrafamiliar".

Também criticam o cenário político , devido às lutas ideológicos. Eles afirmam que isso "torna difícil para o brasileiro comum viver 'vida tranquila e mansa', em oração, como nos manda a Escritura".

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Veja os líderes evangélicos que assinaram o manifesto: 

  • Augustus Nicodemus: é pastor auxiliar na Primeira Igreja Presbiteriana do Recife;
  • Cleyton Gadelha: é pastor titular da Igreja Batista de Parquelândia e diretor executivo da Escola Teológica Charles Spurgeon (Fortaleza/CE);
  • Davi Charles: é pastor da Igreja Presbiteriana Paulistana (São Paulo/SP);
  • Emílio Garofalo: é pastor da Igreja Presbiteriana Semear (Brasília/DF);
  • Euder Faber: é pastor da Igreja O Brasil para Cristo e presidente da Visão Nacional para a Consciência Cristã;
  • Franklin Ferreira: é diretor-geral do Seminário Martin Bucer (São José dos Campos/SP) e presidente do Conselho da Coalizão pelo Evangelho;
  • Hélder Cardin: é chanceler das escolas teológicas Palavra da Vida Brasil, e professor pesquisador no Seminário Bíblico Palavra da Vida;
  • Jonas Madureira: é pastor da Igreja Batista da Palavra (São Paulo/SP), professor no Seminário Martin Bucer e vice-presidente da Coalizão pelo Evangelho;
  • Leonardo Sahium: é pastor da Igreja Presbiteriana da Gávea (Rio de Janeiro/RJ), vice-presidente da Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil e diretor do Centro de Treinamento para Plantadores de Igrejas (CTPI);
  • Luiz Sayão: é pastor sênior da Igreja Batista Nações Unidas e professor no Seminário Martin Bucer;
  • Mauro Meister: é pastor da Igreja Presbiteriana – Barra Funda (São Paulo/SP);
  • Renato Vargens: é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança (Niterói/RJ), escritor e conferencista;
  • Sillas Campos: é pastor da Igreja Batista Central de Campinas e presidente do Ministério Fiel;
  • Solano Portela: é presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (São Paulo, SP), e docente no Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper e no Seminário Teológico JMC;
  • Tiago Santos: é um dos pastores da Igreja Batista da Graça (São José dos Campos/SP), co-fundador e diretor do programa de estudos avançados no Seminário Martin Bucer e editor-chefe na Editora Fiel;
  • Valter Reggiani: é pastor da Igreja Batista Reformada de São Paulo e presidente da Convenção Batista Reformada do Brasil;
  • Wilson Porte Jr.: é pastor da Igreja Batista Liberdade (Araraquara/SP) e presidente do conselho e professor do Seminário Martin Bucer;
  • E conta com a colaboração de Warton Hertz, Pastoral Resident em Chicago na Addison Street Community Church em conjunto com Neopolis Network e Holy Trinity Church].

Confira a íntegra do manifesto defendido pelos líderes evangélicos :

"'Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito.' (1Timóteo 2.1-2)

Diante da dura realidade imposta durante estes primeiros meses do ano de 2020, os membros da Coalizão Pelo Evangelho abaixo-subscritos vêm a público a fim de encorajar que as igrejas em todo o Brasil continuem em oração pelo nosso país. Os dias são, de fato, difíceis. A pandemia de COVID-19 forçou a população a se confinar dentro de casa. A estratégia de contenção de propagação do vírus impôs outro grande desafio, que são seus inevitáveis efeitos colaterais sociais, sendo o mais nítido a degradação da economia, que apenas começava a se recuperar após anos de estagnação. Também se percebe um crescente comprometimento na saúde mental de muitos brasileiros, no aumento da violência doméstica, do consumo de pornografia, e no de perversões, tais como a pedofilia virtual ou intrafamiliar. Estas mazelas, além de nos entristecerem, devem mobilizar nossos melhores esforços em oração e serviço.

A nação assiste também, ao lado da crise do sistema de saúde e da economia, a um agravamento do conflito político nas últimas semanas. A sociedade civil, diante dos desdobramentos das tensões, está praticamente de mãos atadas, restando-lhe esperar o término dos problemas enquanto, no máximo, consegue se expressar pelas redes sociais – o que, lamentavelmente, acaba por gerar, muitas vezes, mais desentendimento.

Importante refletirmos, ainda, acerca da perceptível crise de autoridade em diversas esferas da sociedade. Faz-se notória a confusão de informações e desinformações acerca de todos esses acontecimentos que nos afligem. A mídia claramente não goza da credibilidade que outrora desfrutava. Testemunhamos nesses dias, até mesmo, a triste politização e endeusamento da ciência. Dentro da comunidade científica, inclusive, que poderia e deveria se apresentar de forma mais objetiva, há conflitos de dados e interpretações sobre como tratar a pandemia. O ambiente político, por sua vez, está contaminado por uma infindável luta ideológica e de poder que torna difícil para o brasileiro comum viver “vida tranquila e mansa”, em oração, como nos manda a Escritura.

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Entendemos, contudo, que nada nos obsta, a nós cristãos, que vivamos “com toda piedade e respeito”. E nada há que seja capaz de impedir a igreja, o corpo de Cristo no Brasil, a colocar-se de joelhos a fim de “usar a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor de reis e de todos os que se acham investidos de autoridade”. Desse modo, em vista do exposto, recomendamos que os crentes em Cristo Jesus individualmente e coletivamente com suas igrejas continuem orando pelo nosso país da seguinte maneira:

  • Pelas autoridades públicas que têm a prerrogativa de tomar decisões acerca de políticas para o combate do novo coronavírus. A responsabilidade é grande, afeta milhões de pessoas, e a muita desinformação torna o trabalho dessas autoridades ainda mais difícil.

  • Para que as informações corretas e livres de interpretações duvidosas se sobreponham a fim de auxiliar a sociedade como um todo na luta contra a pandemia.

  • Pelas autoridades constituídas nas esferas federal, estadual e municipal. Independente da posição política e ideológica de cada um, precisamos que haja um mínimo de entendimento e unidade para uma saída célere e eficaz da atual crise de saúde, econômica e política.

  • Pelos profissionais de saúde. Estes estão constantemente expostos ao contágio e necessitam de livramento nesse momento a fim de poderem servir o maior número de pessoas possível.

  • Pelo fim da pandemia no Brasil e no mundo; assim como pelos doentes, infectados com Covid-19, para que sejam curados; pelas famílias enlutadas em razão das mortes de Covid-19; e pelos pesquisadores, para que desenvolvam remédios e vacina eficientes.

  • Pelas forças de segurança, para que Deus os proteja e para que exerçam seu trabalho com responsabilidade, sensibilidade e respeito à lei.

  • Pela situação financeira dos trabalhadores brasileiros, sobretudo dos desempregados.

    Por pacificação, pois o país precisa que o clima de conflito político e social chegue ao fim.

  • Para que o brasileiro possa ainda viver “ vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito”, vendo logo um fim de todas essas tensões.

  • Pela igreja cristã, para que seja “o sal da terra [e…] a luz do mundo” (Mateus 5.13,14), evidenciando, pelo evangelho, que nossa esperança última se encontra no Senhor Jesus Cristo, que foi crucificado “por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Romanos 4.25) – e somente na promessa dele confiamos: “venho sem demora” (Apocalipse 3.11).

Que o Senhor Jesus Cristo, nosso único Salvador, tenha misericórdia do seu povo no Brasil, e responda às nossas orações para o louvor da glória de Seu nome.

4 de maio de 2020".