David Uip: "Não tem decisão de abertura de São Paulo em 11 de maio”

Segundo o infectologista que coordena as ações contra a Covid-19 em SP, é impossível liberar comércios com menos de 50% de isolamento social

Foto: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação
O infectologista David Uip


Em entrevista ao programa da TV Bandeirantes, “Brasil Urgente”, o infectologista David Uip , coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, informou que o governador João Doria (PSDB) ainda não decidiu sobre reabertura de comércios no próximo dia 11.

Uip informou que o plano que tem sido elaborado também vem ganhando avaliações de outros agentes. Além de ponderar sobre situação da capital, o infectologista informou que há preocupações com o avanço da pandemia do novo coronavírus no interior do estado.

Leia também: Covid-19 avança na periferia de São Paulo; zona leste é a região com mais casos

"Olhando toda a disponibilidade de leitos, especialmente de UTI, claramente você vê o sistema municipal de São Paulo pressionado, vê a Grande São Paulo, a área metropolitana, também já começando a pressionar, e vê a interiorização do vírus. Observa-se um aumento do número de casos nos municípios. Hoje, são mais de 300, dos 645 municípios, com casos do novo coronavírus", disse.

Para aliviar o sistema de saúde, Uip voltou a falar que é de extrema importância que a curva seja achatada. Assim, caso haja necessidade, equipamentos e profissionais do interior podem ser requisitados e distribuídos na capital. A queda na porcentagem de isolamento na cidade de São Paulo é um fator que preocupa o infectologista.

Atualmente, este número é de 48%. Segundo Doria, não será possível pensar em flexibilização caso esta seja a situação até a data limite. Uip explica que o ideal é que 50% das pessoas cumpram as medidas de isolamento social.

“O ideal é acima de 50%, talvez chegar a 60%, o que não é simples. São Paulo não parou, 74% da atividade de São Paulo continua, as indústrias não pararam, os serviços essenciais não pararam, os transportes não pararam”, explicou.

Leia também: Covid-19: iniciativas usarão monitoramento e geram preocupações

Sobre questionamentos por parte da população sobre os “diversos períodos de pico” divulgados, Uip defende que projeções podem ser diferentes da realidade. O primeiro deles estava previsto para abril, mas não aconteceu. “As pessoas acharam que foi má notícia, mas foi boa notícia”, disse.

“Isso significou, e não há dúvida disso, por modelos matemáticos, que nós conseguimos achatar a curva. Não foi abril. Agora as pessoas falam que vai ser na segunda ou terceira semana de maio. Vão se decepcionar se não for? Não. Tudo o que nós pretendemos fazer é que não tenha o pico e, se tiver, que seja o menos alto possível", continuou

Uip também citou na entrevista que o retorno precisa ser planejado e que pessoas precisam entender que existirão adaptações. “Mesmo quem planejou muito bem, como a Alemanha, teve um aumento de um dia para o outro", afirmou.