Isolamento, quarentena e lockdown: a diferença dos regimes que te mantêm em casa

Cada medida possui um nível de alerta sanitário e de liberdade da mobilidade da população; Brasil vive o isolmento

Com o avanço do novo coronavírus (Sars-coV-2) no Brasil e diante da decisão do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal, que deu autonomia para os estados adotarem medidas contra a Covid-19, quatro termos tornaram-se frequentes na realidade da população: quarentena, isolamento, distanciamento social e lockdown. 

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Planeta Terra com uma máscara
Foto: Reprodução
Planeta Terra com uma máscara

Cada termo citado possui um nível de alerta sanitário e de liberdade da mobilidade da população, podendo variar entre voluntário ou obrigatório. Os regimes são adotados de acordo com cada situação, todavia, na escala de risco, do menor para o maior, eles são classificados nesta ordem: distanciamento social, isolamento , quarentena e lockdown .

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Pensando na alta dos termos, o Último Segundo conversou Dra. Raquel Muarrek, infectologista da Rede D'or, para elucidar cada medida contra a Covid-19 e saber o efeito que as mesmas causam na rotina da população. 

Distanciamento social

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coronavírus

Segundo a Dra. Raquel Muarrek, o distanciamento social visa restringir o convívio entre as pessoas como forma de controlar a disseminação de doenças. “A distância mínima que as autoridades de saúde pedem neste momento é de 1,5m entre as pessoas, podendo ser maior em situações específicas”, explica.

Apesar de voluntária, nesta etapa, os comércios e as escolas fecham, além disso, eventos - independente do setor - são cancelados ou reagendados. No Brasil, graças a decisão do ministro Alexandre de Moraes, o governo municipal e estadual que decretam este e qualquer outro tipo de medida.

Por ser voluntária, não há aplicação de multa ou detenções para quem furar o distanciamento social. Em contrapartida, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, declarou em coletiva recente que ficar em casa nesta fase "é uma ação cívica". 

Isolamento

Foto: Reprodução
Pessoas em isolamento


Falando em "ação cívica", o que diferencia o "isolamento" do "distanciamento" é o avanço da doença e um degrau a mais na escala de risco à vida. Podendo ser voluntário ou involuntário, o regime é definido pela Dra. Raquel Muarrek como "o afastamento das atividades sociais", sejam elas reuniões de amigos, presença em cultos religiosos ou passeios em geral.

O isolamento, como as demais medidas, é adotada para conter o avanço da crise sanitária, entretanto, é obrigatória para pessoas que sejam diagnosticadas com a enfermidade em pauta, podendo as mesmas serem detidas ou sujeitas à multa caso desrespeitem a ordem - o que coloca pessoas saudáveis em risco.

“Há várias formas de se fazer. No caso da pandemia no Brasil, a indicação veio dos governos para minimizar o contágio do vírus”, refletiu a infectologista. 

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Recentemente, por exemplo, Blumenau, cidade de Santa Catarina, afrouxou a quarentena, mantendo apenas as orientação de isolamento. A medida permitiu que shoppings e comércios não essenciais reabrissem. Porém, a decisão mostrou-se falha após vídeos com aglomerações em centros de compras viralizaram na internet.

Quarentena 

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quarentena

Ao chegar no nível de quarentena a situação é encarada como "crítica" e a população geral é obrigada a adotar o regime, ou seja ficar em casa, saindo apenas em extrema necessidade - como ir ao mercado, farmácia ou comparecer a consultas médicas. Comércios considerados não essenciais são fechados.

De acordo com o site Tele Medicina , a medida é adotada pelo prazo de no máximo 40 dias, podendo se estender se necessário. Quanto a penalidades, fica a cargo de cada governo decidir como fiscalizar e controlar a situação.

Na Alemanha, por exemplo, o fato de duas pessoas permanecerem juntas na rua tornou-se foco de ocorrências da polícia. Já na Irlanda, as autoridades têm sido acionadas para acabar com reuniões de pessoas que decidiram furar a quarentena na casa dos amigos.  

No Brasil, a medida não tem regras tão rígidas, apenas multa ou detenção para pessoas que são diagnosticadas com o novo vírus e recusam o tratamento ou ficar em isolamento até a incubação da enfermidade. 

“O termomuito ouvido desde o início de março, tem como finalidade a reclusão de indivíduos durante o período máximo de incubação da doença – no caso da Covid, é de 14 dias. Entretanto, devido à gravidade e transmissibilidade da doença, esse período já foi prorrogado duas vezes em algumas cidades do Brasil”, diz a Dra da Rede D'or.

Lockdown

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ilustração do coronavírus na América Central e Latina

Apesar de ainda não ser utilizado no âmbito nacional, o lockdown é uma possibilidade e significa a paralisação total dos fluxos e deslocamentos. Nesta etapa, o governo intervém de maneira mais ativa, podendo usar as forças armadas além de multas e detenções.

“[É o] isolamento completo. Um protocolo de emergência que os governos utilizam para evitar a circulação de pessoas fora de determinados espaços”, analisa a especialista.

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A medida, por exemplo, foi adotada na Itália, antigo epicentro da pandemia de Covid-19 do mundo. No país, a polícia utilizou drones para fiscalizar o confinamento da população, além disso, para sair de casa, as pessoas deveriam solicitar um pedido ao governo, que avaliava a real necessidade do compromisso e poderia vetar ou aprovar a saída. 

No Brasil o regime não foi adotado, porém, caso o avanço da doença continue o governo pode optar pelo mesmo. Até a publicação desta matéria o Brasil contabilizava 50 mil casos ativos e mais de 3 mil óbitos devido à Covid-19 .