Festa reuniu 28 pessoas no dia 15 de março
Arquivo familiar
Festa reuniu 28 pessoas no dia 15 de março

Uma festa de aniversário realizada em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, pode ter sido foco de propagação do novo coronavírus (Sars-Cov-19) entre membros da mesma família no dia 13 de março e matado três pessoas com a Covid-19.

Familiares que estavam no local na data seguem em isolamento. Dos 28 convidados do evento, 14 tiveram sintomas de Covid-19. Entre os casos, três irmãos, com mais de 60 anos, tiveram complicações graves e morreram cerca de duas semanas depois.

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Um dia antes da festa, a responsável pelo evento, uma servidora pública, havia completado 59 anos. O avanço do coronavírus quase fez a família desistir da reunião. “Ficamos em dúvida, mas decidimos fazer, porque não eram tantos casos no país”, contou a aniversariante à BBC News Brasil.

No dia 13 de março, o isolamento social ainda era pequeno. Dias depois, os estados adotaram medidas mais rigorosas. A festa da servidora, um churrasco realizado no quintal de sua casa, teve 28 convidados. Entre as pessoas que foram ao evento estavam os irmãos do marido dela, o servidor público Paulo Vieira, de 61 anos, uma das três vítimas fatais da família.

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Nos dias seguintes ao evento, os parentes começaram a apresentar sintomas como tosse, febre, dificuldades para respirar ou diarreia. A estimativa da família é de que metade dos convidados teve algum problema de saúde após a festa.

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Pouco mais de duas semanas após o aniversário, a alegria deu lugar ao luto. Na semana passada, três irmãos da mesma família morreram com suspeita do novo coronavírus. Os exames ainda não ficaram prontos e não têm previsão para que sejam concluídos, em razão da demanda em todo o país.

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“Os médicos que os acompanharam disseram ter 99% de certeza de que era Covid-19, pelo quadro clínico deles e pela forma como se deu toda a situação”, disse a servidora, que, assim como o único filho, também apresentou sintomas para o vírus, mas se recuperou.

Dois dias depois da festa, Maria Salete, aposentada de 60 anos, começou a passar mal, com diarreia. Diabética e hipertensa, a situação dela piorou com o passar dos dias. Depois dela, diversos parentes também relataram problemas de saúde. Nem todos necessitaram de ajuda médica.

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A internação de Salete numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) logo acendeu o alerta na família. Horas mais tarde, seu irmão Clóvis, mecânico de 62 anos, foi levado para um hospital público em Itapecerica, internado e entubado. A tomografia dos pulmões, assim como a de Salete, apontou para uma situação semelhante à causada pela Covid-19.

No dia seguinte, Paulo também foi ao hospital. Com histórico de atleta, ele era considerado o mais saudável entre os irmãos. Tinha hipertensão controlada. Na manhã da última quarta-feira, Salete teve parada cardiorrespiratória. Não resistiu. No dia seguinte, Clóvis morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Na sexta-feira, dia 3, Paulo também morreu.


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