Cleuza Fernandes da Silva segurando doce
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Cleuza era conhecida por vender doces na rodoviária

Vendedora de doces, Cleuza Fernandes da Silva , de 32 anos, era conhecida no bairro Parque da Luz, em Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio, por seu bordão “toda hora sai”, em referência à quantidade de mariolas que eram compradas na rodoviária, onde trabalhava há cerca de cinco anos. Todos os dias, ela saía cedo de casa para trabalhar na rodoviária da cidade.

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No dia 8, a ambulante começou a se sentir mal e foi medicada na Unidade de Pronto-Atendimento da cidade. Dois dias depois, com febre, dores no corpo e muita falta de ar, foi internada no dia 10 no Hospital Regional Darcy Vargas, unidade de saúde filantrópica da cidade.

Ela foi isolada e entrou em coma. Sete dias depois da ser hospitalizada, Cleuza não resistiu e morreu em decorrência do coronavírus. Nesta terça-feira, em entrevista ao Bom Dia Rio , o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, se disse surpreso com o número de casos da doença entre pessoas mais jovens: " Não nos contaram tudo sobre esse vírus. A segunda faixa que mais interna é a de 30 a 39 anos de idade. Tivemos óbitos nessa faixa", afirmou o secretário.

A vendedora ambulante teve insuficiência respiratória e parada cardíaca. Segundo o hospital, ela tinha uma doença crônica (não informada pela unidade). Além de Cleuza, uma idosa também está infectada com a doença na cidade. Cleuza, que era assistida pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do município, tinha problemas psiquiátricos. Ela era considerada uma pessoa alegre e morava com o companheiro e os irmãos. A ambulante deixou três filhos que eram cuidados pela mãe dela. Eles têm 12, 8 e 6 anos.

Dois dias depois da morte dela, o hospital enviou para o Laboratório Lacen o exame para coronavírus feito na paciente. Na quinta-feira da semana passada, o resultado positivo para a doença foi informado à prefeitura de Rio Bonito.

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Parentes e amigos de Cleuza, que vivem em uma área pobre da cidade de Rio Bonito, acreditam que ela possa ter sido infectada na rodoviária municipal, onde trabalhava há mais de cinco anos. Os familiares lembram que a ambulante teve, na infância, crise de bronquite. No entanto, esse quadro asmático não se desenvolveu na sua vida adulta.

"Ela só pode ter sido infectada após o contato com alguém. Ela não saía daqui da cidade. O pai dela já teve tuberculose. Mas, a Cleuza não. Quando pequena, ela chegou a ficar internada por conta da crise da bronquite. (No entanto), desde quando ela cresceu isso não aconteceu mais. Ela tinha problemas neurológicos, por isso ela era atendida pelo Caps", conta um parente, que pediu para não se identificar.

Cleuza foi sepultada no dia 18 no Cemitério Jardim das Acácias, no bairro Basílio, com a presença de três pessoas. Nas redes sociais, moradores da cidade relataram que o caixão não estava lacrado e que os parentes fizeram uma despedida antes do sepultamento. Por isso, eles temem que outras pessoas sejam contaminadas. Todos os parentes de Cleuza estão sendo monitorados pela Secretaria municipal de Saúde.

Após a morte de Cleuza, a Prefeitura de Rio Bonito informou que outra paciente, uma idosa de 85 anos, está internada na cidade com o diagnóstico de covid-19 . A aposentada está isolada em uma sala do Hospital Darcy Vargas.

Segundo a Prefeitura, outros 29 casos estão sendo acompanhados pelo município. Esses pacientes podem ou não estar infectados com a doença. Os resultados ainda não estão prontos.

O município de Rio Bonito está construindo um hospital de campanha que ficará na Praça do Cruzeiro. Além isso, outros 10 leitos serão abertos no Hospital Darcy Vargas.

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O caso de Cleusa foi o único óbito registrado desde domingo no estado. Mais 48 mortes estão em investigação, segundo a secretaria. O estado tem 657 casos confirmados de covid-19, 57 a mais que no domingo. São 553 casos na capital e o restante divididos por outros 23 dos 92 municípios.

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