Witzel compara curva de crescimento de covid-19 no Rio com a da Coreia do Sul

País asiático tem sido visto como referência no combate ao novo coronavírus por, entre outras coisas, fazer testagens em massa na população

Rio de Janeiro deve receber novos kits de teste ainda esta semana
Foto: Eliane Carvalho
Rio de Janeiro deve receber novos kits de teste ainda esta semana

O governador Wilson Witzel afirmou, no início da tarde desta segunda-feira, em entrevista coletiva, que a curva de casos do novo coronavírus no estado, numa primeira análise, está se comportando como a da Coreia do Sul. O estado adota medidas de confinamento. Ele acrescentou, no entanto, que isso será mais bem estudado até a data da reavaliação.

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O país asiático tem sido usado como referência bem sucedida contra a explosão de casos da doença. Um dos motivos apontados por especialistas é a testagem em massa da população, o que ainda não ocorre no estado. O secretário de Saúde, Edmar disse que mais kits de exames chegarão na quinta-feira.

"Estamos com uma curva controlada. Depois de fechar os estabelecimentos comerciais, fizemos o achatamento da curva. Ao fazer qualquer mudança, como o retorno das aulas, como quer Crivella, vamos impedir essa ação. Não é o momento de ninguém voltar para a escola. Nós não vamos permitir. O governador tem poder de polícia", disse Witzel, assertivo.

Witzel disse que prorrogou a quarentena para evitar a propagação do coronavírus no estado. Ele pediu para que as pessoas não confiem em outra medida a não ser ficar em casa e anunciou que abrirá 1.800 leitos até 30 de abril, em oito unidades, sendo a maior delas no Maracanã, com 400 vagas. Serão utilizados R$ 166,6 milhões para adequar as unidades, além da compra de 229 ambulâncias.

"Muitas (pessoas) não sobreviverão. Em momento algum queremos imaginar que tenha que decidir quem vai sobreviver. Acreditem: estamos vivendo momentos muito difíceis. Queremos olhar nos olhos da família e dizer que fizemos de tudo. Não quero encarar uma família e não dar a oportunidade. Não vou passar para a História como o líder que abandonou naquele momento difícil. O sacrifício de salvar vidas daqueles que são mais debilitados, pais e avós. Não é o momento de virar as costas para eles", afirmou.

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Mais testes

Na entrevista, o secretário de Saúde anunciou a chegada de mais kits de testagem de covid-19 , já nesta quinta-feira. O estado comprou 1, 5 milhão de exames, sendo que o primeiro lote será de 400 mil. Outra medida está sendo elaborada com pesquisadores da Fiocruz, uma ferramenta tecnológica para mapear os contaminados, inclusive para liberá-los do isolamento.

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Quarentena continua

Witzel reforçou as medidas do decreto publicado no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira (30), no qual renova por 15 dias as ações em curso. No dia 4 de abril, será feita uma nova avaliação. Segundo ele, a saúde está em primeiro lugar e a questão econômica será resolvida mais adiante. As restrições são importantes, de acordo com o governador.

Quem estiver abaixo da linha da pobreza, segundo Witzel, também receberá as bolsas no mutirão humanitário. A distribuição começa na quinta-feira, com cestas básicas. Ao afirmar que este é um momento dos governos darem as mãos, Witzel ofereceu a estrutura do governo estadual para o federal para distribuição de benefícios aos necessitados

Relação com o governo federal

Sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro na próxima sexta-feira, o governador informou que ele será sempre bem-vindo e está à disposição. Witzel não disse se foi convidado para reuniões com Bolsonaro.

Em relação ao decreto que o presidente disse que faria para flexibilizar o isolamento, Witzel disse que há meios judiciais para se questionar a decisão. Segundo ele, o MPF ou a Procuradoria Geral do Estado poderá recorrer junto ao STF.

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"Lendo a decisão do ministro Marco Aurélio, do STF (a favor do isolamento), estamos seguindo à risca. Quem não cumprir o decreto será responsabilizado administrativamente e criminalmente. Não desafiem o coronavírus. Estamos vivendo um momento crítico. Não há como levar gente para a cadeia. Mas a conta vai vir. Não pague para ver. A conta será cara", disse Witzel .