O trajeto para a estação de metrô Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, pode ser sem trânsito para quem navega pelas águas do Canal do Marapendi. No entanto, na manhã desta sexta-feira, os passageiros tiveram que abrir mão das balsas . O transporte teve que ser paralisado em razão da grande quantidade de gigogas nas águas.
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A vegetação tem mudado a paisagem da região há mais de 15 dias. As areias da Praia da Barra têm ficado cobertas pelas plantas. Já o serviço das balsas tem sofrido paradas desde esta quinta-feira. Apesar de as máquinas do Inea estarem em operação, as gigogas continuam a se proliferar e se espalhar.
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A empresa Ecobalsa , que atende a cerca de 50 condomínios na região, tem o trajeto pelo Canal de Marapendi como um dos mais requisitados. Mas desde as 6h desta sexta-feira, no entanto, mantém as embarcações atracadas. Forçar a passagem das balsas pela vegetação causa danos ao equipamento, que pode ficar com as hélices amassadas. Diariamente, cerca de 5 mil passageiros são usuários desse transporte.
Três paralisações por ano
Paralisações do serviço de transporte dessa forma costumam acontecer de três a quatro vezes por ano, segundo um dos diretores da Ecobalsas Ricardo Herdy, sendo mais comuns no verão e em períodos de chuvas. O movimento das marés contribui para a entrada das gigogas no canal. A vegetação tem ultrapassado a ecobarreira — instalada na altura do Cittá Office Mall — sem seguir em direção ao mar dado o movimento das águas.
"Como o canal não é largo, as gigogas acabam entupindo o canal. Isso é sempre em função da ineficiência da ecobarreira. E o problema ambiental é muito maior do que isso. Essa quantidade de gigoga deve morrer e ir para o fundo, virando matéria orgânica e assoreando ainda mais a lagoa. Uma coisa vai levando a outra", conta Herdy.
Frestas na ecobarreira têm atrapalhado a contenção da vegetação, na availiação do biólogo Mario Moscatelli. Ao acompanhar há anos as condições do sistema lagunar da Baixada de Jacarepaguá , ele aponta a necessidade de substituir o equipamento, que foi instalado provisoriamente desde 2016 e que já deveria ter sido trocado.
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"Pelo o que vejo aqui, hoje existem pontos da ecobarreira afundados ou rompidos que podem ter sido ocasionados por embarcações. Como a ecobarreira é provisória, não há uma passagem adequada para os pescadores, o que os impede de trabalhar", observa o biólogo. "É preciso que se crie de alguma forma, até a instalação da ecobarreira definitiva, um caminho para que os pescadores da lagoa, que em geral vêm do Anil, tenham esse trânsito assegurado. Se não, continuaremos a ter problemas." O Inea não se pronunciou até a publicação desta reportagem.