Mãe diz que PM não socorreu filho, vítima de bala perdida na Baixada Fluminense

Adotado, adolescente, que começaria a estudar na próxima segunda-feira dia 10, não resistiu e morreu

Foto: Reprodução/ TV Globo
Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva foi vítima de bala perdida na Baixada Fluminense

A ‪próxima segunda-feira‬ marcaria uma nova fase na vida do adolescente Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva, de 14 anos. Com uma nova família, o menino, que não sabia escrever e chegou a morar na rua, seria matriculado numa escola. Mas um tiro interrompeu o futuro de Luiz, que morreu na tarde desta sexta-feira. Ele foi atingido na perna, nesta quinta-feira, na comunidade Vila Ruth, em São João de Meriti. Luiz foi enterrado neste sábado, no Cemitério de São Lázaro, no mesmo município da Baixada Fluminense .

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O adolescente estava em processo de adoção pela dona de casa Tamires Cristina dos Santos Silva, de 23 anos. Quando Luiz foi baleado, os dois saíam do psicólogo. Tamires diz que PMs se recusaram a socorrer o menino.

"Eu não vi de onde veio o tiro. Mas logo depois que ele foi atingido, passou um carro normal, sem identificação, com PMs fardados dentro. Pedi ajuda para eles. Mas eles não se importaram. Quem me ajudou foram os moradores em volta", contou Tamires, logo após sepultar Luiz.

O menino foi socorrido para o Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, mas não resistiu. Segundo Tamires, ela conhecia o menino desde pequeno, ele morava no bairro. Mas há dois anos ficou órfão e chegou até a morar na rua. No fim do ano passado, a dona de casa e o marido decidiram que dariam um lar para Luiz.

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"A mãe dele morou aqui por um tempo, mas faleceu há dois anos. Em outubro, um amigo do meu marido veio pedir um colchão emprestado porque Luiz estava dormindo numa praça aqui perto. Ele ficava na casa de um e de outro. Todo mundo tentava ajudar. Meu marido decidiu que ficaríamos com ele". 

O adolescente ficou na casa de Tamires por duas semanas, mas depois foi morar com outra família. Até que decidiu voltar a morar com Tamires, que tem um filho biológico de 3 anos. Na quinta-feira, ela voltava com Luiz do psicólogo, quando ele foi atingido.

"Quando o conselho tutelar me acionou, pedi encaminhamento para o psicólogo e o neurologista. Ele teria consulta com neuro semana que vem. Só faltava fazer a matrícula dele na escola. Estávamos ensinando ele em casa, porque ele não sabia nem escrever o próprio nome. Na sexta, iríamos comprar o material escolar dele", lembra Tamires.

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Luiz passou por uma cirurgia que durou cerca de sete horas, mas acabou morrendo na madrugada de sexta-feira.