Vegetação de água doce veio de lagoas de Carapebus
Reprodução/TV Globo
Vegetação de água doce veio de lagoas de Carapebus

A quatro dias do Réveillon , uma força-tarefa de órgãos estaduais e municipais tenta fechar as ligações com o mar das duas lagoas de Carapebus , no Norte Fluminense, de onde saíram as toneladas de gigogas e taboas que, desde antes do Natal , sujam algumas das mais belas praias da Região dos Lagos.

Nesta sexta-feira (27), máquinas da Secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) edo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) se concentram na Lagoa de Carapebus, cuja barragem se recompôs naturalmente, mas que agora recebe um reforço para evitar que ela se rompa. Já as prefeituras de Carapebus e Quissamã trabalham principalmente na Lagoa do Paulista, onde inflam ecobags que serão usadas como barreiras para impedir que mais material orgânico chegue ao oceano.

Ao todo, foram doadas 200 ecobags para conter a vegetação nas duas lagoas. Na do Paulista, a prefeitura de Carapebus afirma que elas devem estar instaladas até o meio-dia deste sábado. Segundo o município, foi dessa lagoa, cuja barra foi aberta clandestinamente, que partiu a maior parte das plantas flutuantes que ainda atinge Cabo Frio e Arraial do Cabo, e que afetou ainda a cidade de Búzios.

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Neste sábado, os órgãos ambientais do estado também enviarão maquinário para a Lagoa do Paulista, que fica dentro do Parque Nacional de Jurubatiba, no limite entre os municípios de Carapebus e Quissamã, e é ligada por canais a outros corpos d'água, como a Lagoa Feia, em Campos.

"Trata-se de uma resposta à ação de competência do ICMBio (responsável pelo Parque de Jurubatiba). Os órgãos ambientais estaduais atuam como parceiros nesta situação", afirmou a Seas, em nota.

Numa próxima etapa, no domingo e na segunda-feira, a secretaria deslocará mais guardas-parques para a limpeza das praias da Região dos Lagos, numa tentativa de deixar as areias livres das plantas aquáticas antes da virada do ano.

Mutirões de limpeza

Até agora, mais de mil toneladas de vegetação já foram retiradas das praias da Região dos Lagos. Só em Arraial do Cabo, foram 570 toneladas. Na manhã desta sexta-feira, as equipes do município atuaram na Prainha, com apoio de barqueiros, quiosqueiros e voluntários. Em Cabo Frio, até agora foram 550 toneladas de plantas recolhidas. Nesta sexta, mais de 50 funcionários da prefeitura trabalham na limpeza das praias das Dunas e do Foguete, enquanto outros grupos agem nas praias do Forte e do Peró.

"Trabalhamos em dois turnos diários, com o auxílio de máquinas. Estamos no limite, uma vez que não podemos desguarnecer os demais setores. Esperamos que as autoridades competentes apurem a responsabilidade sobre a abertura da barragem e os possíveis danos ambientais causados", afirma Dario Guagliardi, presidente da Comsercaf, autarquia que cuida da coleta de lixo em Cabo Frio.

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Em Búzios, a prefeitura afirma que as praias já foram limpas. Na cidade, foram recolhidas 20 toneladas de resíduos.

As prefeituras de Arraial do Cabo e de Cabo Frio foram à Justiça contra Carapebus devido à sujeirada. Numa ação civil pública, Arraial pede o fechamento imediato do canal da Lagoa do Paulista e requer apoio para a retirada da vegetação que já está em suas praias, sob pena de multa diária de R$ 200 mil. Já Cabo Frio representou contra Carapebus no Ministério Público estadual e federal, pedindo que apurem a responsabilidade sobre o caso.

"Pretendemos propor reparação ao município de Cabo Frio pelo impacto na atividade turística e pelos gastos com limpeza e contenção da vegetação", afirmou o procurador-geral Bruno Aragutti.

O município de Carapebus alega que, após as chuvas de 13 de dezembro, com autorização do ICMBio, abriu a barreira da lagoa que leva o nome da cidade. O objetivo era conter inundações num loteamento que teve início nos anos 1970, quando a área ainda pertencia a Macaé. A prefeitura disse não ter qualquer participação na abertura clandestina da Lagoa Paulista. O entorno da área é praticamente desabitado e, segundo Carapebus, a manobra na barragem não traria benefício algum.

Procurado, o ICMBio não se pronunciou. Não foi esclarecido que órgão deveria fazer a dragagem do excesso de plantas aquáticas.

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