Homem foi deixado na calçada após buscar atendimento médico
José Cruz / Agência Brasil
Homem foi deixado na calçada após buscar atendimento médico

As imagens de uma câmera de segurança, obtidas pelo jornal O Globo  com exclusividade, podem ajudar na investigação da polícia. O vídeo mostra que o morador de rua foi carregado por dois homens de terno e gravata, a mesma roupa de todos os seguranças do local, por volta das 5h de quinta-feira. O homem foi deixado na calçada . É possível ver ainda que uma das pessoas chega a vomitar próximo ao morador de rua após deixá-lo. Segundos depois, os dois retornam levando a cadeira de rodas vazia.

"Ele morreu segurando uma nota de R$ 2 que alguém deu a ele por pena. Na noite de quarta-feira, ele se agarrou às grades da parte da frente da CER e gemeu de dor. Parecia que alguma coisa dentro dele havia estourado", contou uma testemunha.

Um morador de rua, que conhecia a vítima há cerca de dois meses, contou já ter, por várias vezes, recomendado ao homem que suspendesse o uso de drogas.

"Ele gostava de fumar crack e de beber cachaça. Ia até o CER quando estava com dor, era tratado, ficava bom e voltava para a rua para fumar e beber. Eu já o orientei várias vezes para dar um tempo no uso de drogas. Até, pelo menos, ficar bem de vez. Mas ele não me dava ouvido", disse o homem.

Na manhã desta sexta-feira, o delegado Rodolfo Waldeck informou que, inicialmente, o caso seria tratado como vilipêndio a cadáver (vilipendiar é desprezar ou menosprezar algo, alguém ou alguma coisa). O delito está previsto no artigo 212 do Código Penal e prevê pena de um a três anos e multa. Caso se comprove a denúncia, a tese do crime poderá mudar para homicídio qualificado, que prevê penas de 12 a 30 anos de prisão.

Waldeck ressaltou, no entanto, que vai tomar o depoimento de todos os envolvidos e que outros crimes poderão surgir a partir daí. O delegado afirmou ainda que as imagens podem configurar provas de outros delitos.

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Anderson já tinha buscado atendimento no CER outras vezes

Um profissional de Saúde do CER Centro disse ao Globo que o prenome da vítima é Anderson . Na terça-feira, uma equipe do jornal encontrou a vítima deitada neste local sobre um banco de pedra. O homem estava coberto por um lençol e gemia de dor. Um repórter tentou conversar, mas ele não conseguia falar tamanha a dor que sentia.

A pessoas conhecidas, Anderson dizia que costumava ir muito à Mangueira. Uma equipe de reportagem do O Globo esteve na região nesta sexta-feira, mas não encontrou alguém que o conhecesse por foto, nem mesmo na cracolândia embaixo do viaduto da Mangueira.

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