Paciente diagnosticado errado morre e família acusa hospital de negligência

Daniel Gomes foi diagnosticado com fratura no braço e recebeu alta; três dias depois morreu por traumatismo abdominal e hemorragia interna

O Hospital Municipal Lourenço Jorge, onde o caso ocorreu
Foto: Google Maps
O Hospital Municipal Lourenço Jorge, onde o caso ocorreu

A família do motorista Daniel dos Santos Gomes, de 24 anos, vai processar o Hospital Municipal Lourenço Jorge, no Rio de Janeiro, por negligência médica que, segundo ela, levou-o à morte na madrugada de terça-feira (17) após uma cirurgia de emergência.

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O jovem havia sofrido um acidente de motocicleta no último dia 8 e dado entrada naquele hospital no fim da tarde. Foi diagnosticado com fratura do rádio esquerdo (parte do esqueleto que vai do antebraço ao pulso), operado três dias depois e liberado na tarde do dia 13.

Em casa, seu estado de saúde mostrou que as consequências do acidente foram bem mais sérias: vomitava, urinava sangue, não defecava e não conseguia se alimentar. Foi internado novamente no mesmo hospital no domingo e morreu na madrugada de terça como consequência de traumatismo abdominal e hemorragia interna.

A viúva, Delaine dos Santos Albuquerque, de 21 anos, está inconsolável. Nesta quarta-feira, no Instituto Médico-Legal (IML), onde esteve com parentes para liberar o corpo de Daniel, ela relatou os momentos de angústia. O casal teve uma filha de 4 anos, para quem o pai “virou uma estrelinha no céu”.

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- Ele chegou em casa com o braço enfaixado, mas começou a passar mal. Vomitava muito, urinava sangue, não defecava e não comia nada. Não conseguia comer. Fomos para a casa de minha mãe, que é perto da nossa, para que ele pudesse ter um tratamento mais adequado. Mas não melhorou – relatou a viúva.

- Meu cunhado o levou de volta ao hospital no domingo e ele deu entrada no CER (Coordenação de Emergência Regional) da Barra e, depois, transferido para o Hospital Lourenço Jorge. Fomos muito mal tratados. Perguntamos sobre as dores abdominais e disseram que meu marido tinha se evadido na primeira internação e que estava bêbado. Mesmo após sua morte não queriam liberar o corpo nem informar a causa da morte. Só com a ajuda de um policial amigo e de um advogado do Retiro dos Artistas conseguimos a guia de remoção do corpo. Só conseguimos saber que ele teve traumatismo abdominal e hemorragia interna aqui no IML – contou.

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Cunhada de Daniel, Ana Luiza dos Santos Silva guardou documentos que, segundo ela, comprovam o péssimo atendimento. Ela mostrou a guia de alta hospitalar com o diagnóstico: fratura de rádio distal esquerdo. Também guarda fichas de marcação de consultas para o dia 2 janeiro, quando seria examinado por um ortopedista às 8h30m e faria um Raio X às 8h50m. Na segunda internação, a gravidade do estado de saúde de Daniel pôde ser comprovada através de uma tomografia computadorizada. Mas a família não foi informada do resultado.

- Levaram meu cunhado para a emergência e de lá para o centro cirúrgico. De lá, foi para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo). E não sabemos mais de nada. Delaine recebeu uma ligação no início da manhã de terça-feira pedindo a presença da família e documentos do paciente. Ela soube da morte dele no hospital, mas ninguém informou mais nada. Ninguém nos recebeu direito. Ninguém disse a causa da morte. Agora, vamos atrás de justiça. Processar quem tiver que ser processado: o hospital, a prefeitura e até médicos - afirmou.

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Procurada, a Secretaria municipal de Saúde não havia respondido às indagações do GLOBO até a tarde desta quarta-feira (18).