Bolsonaro quer vetar projeto que muda investigação de lesões contra menores

Proposta permite que Ministério Público apresente ação sem manifestação da família do menor de idade. Bolsonaro quer vetar projeto integralmente

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Foto: Agência Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira que irá vetar integralmente um projeto aprovado pelo Congresso que autoriza o Ministério Público (MP) a apresentar ação por crimes de lesões corporais leves e culposas contra menores de 18 anos do sexo masculino mesmo sem uma manifestação da família da vítima. O veto ainda não foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).

Atualmente, o crime de lesões corporais é processado por meio de ação pública incondicionada — ou seja, o MP pode promover a ação mesmo sem a manifestação da vítima. Isso não ocorre nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas, com exceção de quando as vítimas são menores de idade e do sexo feminino, por determinação da Lei Maria da Penha. O objetivo da proposta é estender essas permissão para menores de idade do sexo masculino.

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"Assim, nessa hipótese, cria-se uma distinção injustificável, baseada apenas no sexo, para o início da persecução penal nos crimes de lesões corporais leves ou culposas nos quais a vítima é menor ou incapaz", argumentou a autora do projeto, a ex-senadora e hoje deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), na justificativa da proposta.

Além de estender a determinação para casos em que a vítima é do sexo masculino, o projeto determina que a permissão só vale quando o agressor "conviva ou tenha convivido com a vítima ou em que haja prevalência das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade".

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Em transmissão ao vivo no Facebook nesta quinta-feira, Bolsonaro anunciou que vetará o texto porque ele poderia atrapalhar policiais.

"O que eu vi? Imagina uma ação qualquer, policial, onde o menor seja detido, sofra uma agressão , até verbal. O policial vai ser processado, o MP vai para cima dele. Não ia faltar algumas ONGs, esses partidos que vocês conhecem de esquerda, que só fazem a balbúrdia, (para) achar uma maneira junto ao MP para que esse policial viesse a sofrer um processo. Eu resolvi vetar então por causa disso", afirmou.

Caso o veto seja confirmado, ele será submetido ao Congresso, que poderá mantê-lo ou derrubá-lo.