Bombeiros saíram do local desacordados e foram encaminhados ao Hospital Municipal, no centro do Rio.
Reprodução/Extra
Bombeiros saíram do local desacordados e foram encaminhados ao Hospital Municipal, no centro do Rio.

Os momentos de desespero de cerca de 15 bombeiros tentando reanimar os militares intoxicados pela fumaça no combate ao incêndio que atingiu a whiskeria Quatro por Quatro, no Centro do Rio, comoveram dezenas de pessoas que estavam no local. O cabo Allan Martins da Costa, 35 anos, há dez anos na Polícia Militar, foi um deles. O militar conta que muita gente chorava e se abraçava. Outros tentavam abrir caminho para a chegada de ambulâncias.

"Foi uma cena triste. Eu sei como é duro perder um colega de farda. Eu chorei. Várias pessoas choraram. Mesmo eu sendo um militar da PM. Eu vi a dor dos colegas do Corpo de Bombeiros. Estamos todos na mesma luta diária", contou Martins.

O cabo é do patrulhamento motorizado do Programa Centro Presente. Ele conta que por volta das 11h30m recebeu um chamado para se deslocar para a rua Buenos Aires, onde estaria ocorrendo um incêndio. Quando chegou os bombeiros já estavam. Aparentemente tudo estava controlado.

"Cerca de 50 pessoas entre clientes e funcionários da terma foram retirados com tranquilidade e sem ferimentos pelos bombeiros. Ainda saía fumaça preta", contou.

Leia também: Três bombeiros morrem ao tentar conter incêndio no centro do Rio de Janeiro

Em determinado momento o fogo aumentou e a quantidade de fumaça também.

"Não sei o que aconteceu lá dentro. Falam em falta de oxigênio. O que vi foi a tentativa de reanimar os bombeiros. Eles saíram desacordados. Triste. Chorei, como estou chorando agora", disse o militar.

Você viu?

O cabo Martins conta que a primeira coisa é a solidariedade de todo mundo. Muita gente, segundo ele, ajudou. Comerciantes e funcionários de loja das ruas próximas.

"Eu lembrei do dia que encontrei um colega baleado na cabeça na Linha Amarela. Eu era lotado no 22º BPM (Maré). Ele foi baleado por criminosos na saída da Linha Amarela, próximo a Avenida Democráticos. Cheguei para socorrer e tentar reanima-lo. Tentei salva-lo, mas não consegui."

Leia também: Desempregado usa armadura do 'Homem de Ferro' como forma de sustento

'Nunca vi nada parecido'

Também próximo ao cerco armado pelos bombeiros, o clima era de tristeza e surpresa. Bombeiros e policiais militares se abraçavam, consternados com a tragédia, e, curiosos, perguntam incessantemente sobre mais mortos ou feridos. O advogado Vinicius Nascimento, que trabalha há três anos próximo ao local, estava almoçando quando sentiu o cheiro forte de fumaça e foi ver o que estava acontecendo.

"Achei estranho porque nunca vi nada parecido acontecendo aqui. Espero que ninguém mais tenha se machucado", disse Vinicius.

Engenheiro do Crea-RJ, Rodolfo Rodrigues, que trabalha no prédio ao lado do incêndio desde 2012, viu, pela janela, a fumaça sair do prédio. Ele conta que a evacuação do edifício foi rápida:

"Quando o incêndio ao lado começou a ficar mais intenso, já estávamos todos fora."

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!