A Polícia Militar do Rio apura a ligação entre o sargento Rodrigo Jorge Ferreira — que admitiu ter mentido à Delegacia de Homicídios sobre os mandantes da morte da vereadora Marielle Franco — e dois oficiais de alta patente da corporação. Uma empresa que atualmente está em nome de Ferreira tinha como sócios, até outubro do ano passado, um tenente-coronel e a mulher de outro tenente-coronel, ambos da ativa. A firma funciona na Favela da Merck, em Jacarepaguá, área dominada pela milícia que Ferreira integra.
Leia também: Witzel discorda de federalização do caso Marielle e questiona competência da PF
Com o decorrer das investigações do caso Marielle , o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP fez um levantamento das empresas do PM. A Corregedoria recebeu o material e investiga os negócios de Ferreira.
Uma das empresas alvo do inquérito atua na gestão de um campo de futebol na favela. Desde 2007, um tenente-coronel atualmente lotado na Diretoria Geral de Pessoal (DGB) — a “geladeira” da corporação — era sócio da firma. Também fazia parte do quadro societário a mulher de outro tenente-coronel, lotado na Superintendência de Comando e Controle. A mulher também é dona de outro empreendimento na Merck, um bar.
Em outubro, poucos meses após Ferreira prestar um depoimento acusando seu ex-aliado Orlando Curicica pela morte de Marielle, a empresa foi extinta. Em seu lugar, foi constituída outra com mesmo nome e CNPJ, sem o oficial e a mulher no quadro societário e com Ferreira como sócio-administrador. Agora, a Corregedoria da PM quer saber qual a relação entre os oficiais e o miliciano.
Leia também: Delegado diz que investigações do caso de Marielle levarão a novas prisões
Uma investigação da Polícia Federal concluiu que Ferreira tentou atrapalhar a investigação do Caso Marielle . O PM foi segurança e motorista de Orlando Curicica, mas se voltou contra o patrão. Seu depoimento à Delegacia de Homicídios foi, de acordo com o inquérito, uma tentativa de tomar pontos dominados por Curicica. À época, o PM afirmou que seu antigo chefe e o vereador Marcello Siciliano tramaram a morte da vereadora. Ambos sempre negaram. Ferreira foi preso em maio, em sua casa, na Ilha de Guaratiba, na Zona Oeste.