Adolescente relata tortura em supermercado de São Paulo

Menor foi levado por seguranças para sala onde foi despido, amordaçado e chicoteado por cerca de 40 minutos; Polícia Civil está investigando o caso

Em nota, o supermercado Ricoy repudiou a atitude dos seguranças
Foto: Reprodução/Google Street View
Em nota, o supermercado Ricoy repudiou a atitude dos seguranças

Um adolescente de 17 anos relatou ter sofrido tortura no supermercado Ricoy, na zona sul de São Paulo. Ele foi flagrado por seguranças enquanto tentava furtar chocolate e levado para uma sala nos fundos do estabelecimento, onde foi agredido.

Leia também: Dois suspeitos morrem após tiroteio com PMs em shopping; grupo tinha até granada

Segundo o menor, a tortura teria ocorrido neste local para onde foi levado. Ele foi despido, amordaçado e chicoteado com fios elétricos trançados por cerca de 40 minutos. Depois de ser intensamente agredido, ele foi liberado. 

O garoto não quis registrar boletim de ocorrência imediatamente após o crime porque teria sido ameaçado por um dos seguranças . No entanto, recentemente um vídeo da ação dos seguranças começou a circular no WhatsApp e a vítima então registrou a ocorrência. Na manhã desta terça-feira (3), o menor passou por exame de corpo de delito.

Na segunda-feira (2) à tarde, o menor prestou depoimento. Ele contou que não se lembra do dia exato em que o fato ocorreu e que se recorda apenas que foi no mês de julho. A Polícia Civil instaurou um inquérito 80º Distrito Policial, da Vila Joaniza. De acordo com a secretaria, o delegado analisou as imagens de câmeras de segurança e já identificou os autores do crime, que serão ouvidos, além de funcionários do supermercado .

Leia também: Lei do abuso de autoridade permite prender policial que algemar criminosos

Segundo Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos ( Condepe ), que está acompanhando as investigações, a delegacia está coletando informações sobre os acusados para que eles sejam intimados a prestar depoimentos.

Segundo o advogado, “existem indícios contundentes de crime de tortura praticado pelos seguranças. A tortura ocorre quando alguém é submetido, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental. A lei 9455 de 1997, prevê penas de 2 a 8 anos aos acusados”. 

“Como conselheiro do Condepe estarei acompanhando as investigações e cobrando a punição dos responsáveis por esses atos bárbaros e cruéis de tortura ”, afirmou Ariel de Castro Alves.

Alves disse também que entrou em contato hoje com o Conselho Tutelar da Cidade Ademar para que eles acompanhem o caso e deem todo apoio e encaminhamento social ao adolescente, além de verificar se ele está sofrendo ameaças. O conselheiro disse ainda que será averiguada a necessidade de prestar assistência psicológica ao jovem.

Leia também: Mulher trans denuncia tortura e estupro com cabo de vassoura por policiais

Os seguranças suspeitos foram identificados como Santos e Neto e foram afastados do trabalho, informou a CBN. Em nota, a assessoria de imprensa do Ricoy repugnou o ocorrido: “A empresa repugna esta atitude e foi com indignação que tomou conhecimento dos fatos por intermédio da reportagem. Que a empresa não coaduna com nenhum tipo de ilegalidade e colaborará com as autoridades competentes envolvidas na apuração do caso, a fim de tomar as providências cabíveis".