Dos grupos de extermínio às milícias atuais, que enterram corpos em cemitérios clandestinos, a formação dos bandos e as atividades exploradas mudam. Mas a violência extrema não dá trégua. Hoje, a letalidade de milicianos chega a superar a do tráfico, afirmam promotores e policiais.
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O quadro se reflete no número de prisões por mortes nos 18 municípios com Delegacias de Homicídios (DHs) este ano: foram 93 milicianos (dos quais pelo menos dez policiais) acusados de assassinatos, contra 58 traficantes , segundo o diretor do Departamento Geral de Homicídios e de Proteção à Pessoa, delegado Antônio Ricardo Nunes.
As ações brutais explodem em Queimados. O promotor Fábio Corrêa, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado(Gaeco/MPRJ), diz que, em 2016, ao mesmo tempo que esses grupos criminosos se expandiam no município, os homicídios davam um salto. A cidade foi para o topo do ranking do Atlas da Violência no país, realizado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com 134,9 homicídios a cada 100 mil habitantes.
O tráfico avançava quando a milícia chegou vendendo “segurança”. O número de homicídios foi elevadíssimo. Depois de certo tempo, com a milícia já consolidada, esse índice começa a se estabilizar — afirma Corrêa, lembrando que a cidade da Baixada ainda é a quinta mais violenta do país. — Em Queimados e em Belford Roxo, a milícia é o maior causador de homicídios, muitas vezes, com a aproximação com políticos. A Baixada é um caldeirão.