Nos primeiros cinco meses de 2019, 101 viagens de policiais para fora do estado foram custeadas pela PM do Rio de Janeiro. No mesmo período, outros 25 agentes viajaram a trabalho com passagens custeadas por empresas, eventos ou pelos próprios policiais. Em todos esses 126 casos, a corporação bancou diárias para os policiais viajantes, uma ajuda de custo para refeições e transporte. Do total de viagens, 13 foram para destinos fora do Brasil. Os dados internos da PM foram obtidos com exclusividade pelo EXTRA por meio da Lei de Acesso à Informação.
Apesar de o estado ter dívidas bilionárias e estar em regime de recuperação fiscal, a PM abriu o cofre para viagens de policiais em serviço. De janeiro a junho, segundo o Portal da Transparência do governo do estado, a corporação gastou R$ 377.571,19 com policiais viajantes. O montante já ultrapassou o valor desembolsado com diárias durante todo o ano passado: R$ 345.429,00. Ao todo, PMs já passaram 602 dias fora do estado, neste ano, em viagens em serviço.
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Ontem, o ‘‘RJTV’’, da Rede Globo, revelou que a PM vai custear passagens aéreas de ida e volta, hospedagem, diárias e curso de R$ 215 mil na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos para o tenente-coronel Fabrício Fernandes da Silva Moça, assessor de planejamento e gestão do subsecretário de Gestão Administrativa da corporação. Em 2005, Fabrício Moça foi preso em flagrante por furto de um carro em Niterói. Na ocasião, ele pagou fiança e foi solto.
A PM justificou o gasto: “as despesas da viagem serão custeadas parte com verba orçamentária da Polícia Militar e parte por uma bolsa de estudos de US$ 18 mil, concedida pela universidade num processo seletivo”. Segundo a corporação, “os benefícios para área de gestão e projeto da corporação compensarão com sobras o investimento”. O governador Wilson Witzel também defendeu a viagem do PM para Harvard e disse que, se pudesse, “mandaria 200 policiais” para a universidade.
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Destino mais comum é a capital federal
O destino mais comum das viagens dos policiais é Brasília: foram 50 idas à capital. PMs foram receber homenagens, participar de cerimônias no congresso e até visitar embaixadas na cidade. A justificativa mais comum dada pelos policiais para as viagens são justamente a participação em congressos ou a realização de cursos, como o caso do tenente-coronel Moça: 58 das viagens tiveram esse objetivo. Entretanto, PMs tiveram viagens pagas até para participar de eventos esportivos.
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Pelo menos uma das viagens pagas com dinheiro público foi usada por policiais para turismo: em maio, o EXTRA revelou que uma viagem da cúpula da PM para visitar fabricantes de armamentos não letais virou um tour de dez dias pela Europa.
Na ocasião, a farra (registrada em fotos postadas pela mulher de um dos oficiais em suas redes sociais) teve direito a poses apaixonadas na Torre Eiffel, visitas a vários outros pontos turísticos e noitada com cerveja. Participaram da excursão pela França e pela Alemanha o secretário da PM, coronel Rogério Figueredo de Lacerda, três tenentes-coronéis lotados nas diretorias de armamentos e munição e suas mulheres.
Sobre o aumento das viagens, a PM alega que “com a mudança estrutural das pastas do governo, a Polícia Militar assumiu status de secretaria e absorveu atribuições antes desempenhadas pela Secretaria de Segurança”.