Sequestrador de ônibus na Ponte pesquisou ataque em Suzano antes do crime

Segundo familiares, Willian Augusto só utilizava o celular para fazer buscas na internet e tinha costume de trocar chips de telefone com frequência

Sequestrador do ônibus na ponte Rio-Niterói
Foto: Gabriel de Paiva/ Agência O Globo
Sequestrador do ônibus na ponte Rio-Niterói

Dias antes de sequestrar um ônibus da Viação Galo Branco e de manter 39 pessoas reféns por três horas e meia, na Ponte Rio-Niterói, Willian Augusto da Silva, de 20 anos, usou um telefone celular para pesquisar na Internet um ataque a tiros, executado por dois homens em uma escola de Suzano, em São Paulo. O ataque ocorreu no dia 13 de março último e deixou oito pessoas mortas.

Agentes da Delegacia de Homicídios ( DH) da Capital continuam tentando desbloquear um celular, que foi encontrado no ônibus sequestrado, e que pode ser o mesmo usado por William. O objetivo da tentatiiva é a de obter detalhes de todos os acessos feitos pelo sequestrador na rede mundial de computadores.

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De acordo com depoimentos de parentes, William tinha hábito de trocar constantemente o chip do celular que utilizava. Foram pelo menos cinco trocas entre janeiro e a última terça-feira, quando o sequestro ocorreu.

A Polícia Civil vai investigar a hipótese de que William possa ter trocado mensagens com alguém antes ou durante o sequestro do ônibus, já que no dia do crime, além do telefone, ele também usava um fone de ouvidos. Investigadores da DH descobriram, nesta quarta-feira, que a linha telefônica usada por Willian pertencia a uma outra pessoa. Ela já foi identificada e será intimada para prestar depoimento. 

Willian Augusto morreu durante o sequestro , após ser atingido por tiros disparados por atiradores de elite do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Caso não obtenham sucesso na tentativa de desbloquear o celular apreendido, os policias da DH irão encaminhar o telefone para um laboratório da Polícia Civil , onde poderá ser feito uma espécie de perícia.

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A expectativa é a de que, durante o exame, sejam obtidos dados como troca de mensagens e acessos supostamente feitos pelo sequestrador  nas redes sociais. Segundo depoimentos prestados por familiares do sequestrador, ele não usava notebook ou computador para acessar as redes sociais, usando apenas um celular para isso .

Caso mensagens e acessos nas redes sociais sejam localizados na perícia , os investigadores tentarão saber, a partir daí, se Willian recebeu ou não algum tipo de orientação para executar o crime.

Uma das linhas que serão analisadas é de que ele pode usado para isso a Deep Web (o submundo da internet). Por enquanto, não há mais dúvida que o sequestro do ônibus foi planejado com bastante antecedência.