Em 2017, Bruno de Melo Silva Borges ficou conhecido como o “menino do Acre” depois que seu quarto ganhou os noticiários nacionais por conta das mensagens cifradas que existiam no chão, nas paredes e no teto. Logo após a fama repentina, o jovem desapareceu – ficou sumido de 27 de março a 11 de agosto. Um inquérito chegou a ser aberto pela Polícia Civil do Acre mas, com o reaparecimento do estudante, o delegado que cuidava do caso decidiu encerrá-lo – alegando que houve “comprovação de ausência voluntária”.
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Passados dois anos, Bruno abriu seu quarto para visitação pública. “Meu quarto é uma obra de arte. Eu trabalhei durante anos dentro daquele quarto, várias vezes me isolei ali para criar. Fiz muitos jejuns e retiros ali dentro”, disse o ' menino do Acre ' à BBC News Brasil . “É difícil não sentir uma energia ao entrar dentro dele.”
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Hoje ele estuda psicologia na instituição privada Centro Universitário Uninorte e deve se formar no fim de 2019. Ele tem 27 anos.
Borges se nega a contar onde esteve e o que fez no período em que ficou desaparecido em 2017. Ele conta que ficou completamente “isolado da sociedade, sem contato com quaisquer outras pessoas” e que se preparou durante cinco anos para a experiência. Também diz ter carregado “alguns livros de filosofia e cabala”. “Ao longo dos dias eu lia, refletia e meditava o tempo todo a respeito da vida, do universo, da psiquê e dos seus mistérios. Meu objetivo era apenas um: autoconhecimento”, contou à BBC.
Ao ser perguntado sobre o percurso realizado dois anos atrás, Bruno Borges entende que sair de casa foi como “sair da zona de conforto” e “abrir mão das regalias com as quais estamos acostumados”. Ele compara seu feito às opções históricas de muitos “monges, profetas e sábios”.
Na época do desaparecimento, diversas hipóteses surgiram convergindo para o fato de que tudo poderia ser um golpe de marketing – para o livro lançado por Borges na época. Ele diz que isso, para ele, foi um “efeito secundário”, “mas primário para a sociedade”: chamar a atenção de todos “para as obras escritas no meu quarto e, consequentemente para a mensagem delas”.
Publicado no fim de junho de 2017, portanto no meio do retiro voluntário de Borges, o livro TAC: Teoria da Absorção do Conhecimento saiu com tiragem de 20 mil exemplares e chegou a figurar entre os mais vendidos em um levantamento do site especializado PublishNews.