Ao menos quatro pessoas morreram e diversas ficaram feridas em um ataque a tiros contra uma concentração de manifestantes na cidade de Omdurmã nesta quinta, em meio à retomada das negociações entre militares e oposição civil no Sudão , suspensas na última terça após amorte de quatro crianças e um adulto em outro ataque a tiros contra um protesto em El-Obeid, capital do estado de Norte Kordofan, cerca de 400 km a Sudoeste da capital nacional Cartum, na segunda-feira.
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As mortes desta quinta foram relatadas pelo Comitê Central dos Médicos do Sudão , uma das muitas organizações da sociedade civil do país reunidas na coalizão opositora Forças para a Liberdade e Mudança , que convocou uma marcha de 1 milhão de pessoas para esta quinta em resposta ao ataque de segunda em El-Obeid, com centenas de milhares de pessoas indo para as ruas em todo país. Omdurmã é “cidade gêmea” de Cartum, localizada na margem oposta do Rio Nilo da capital sudanesa.
O Sudão está mergulhado há meses em uma crise política deflagrada pela falta de pão e combustíveis. Os protestos levaram à derrubada pelos militares, em 11 de abril, do presidente Omar al-Bashir , que estava à frente do país há 30 anos. Desde então, a oposição civil e a junta militarque passou a governar o Sudão negociam a transferência do poder.
Mas apesar da assinatura de um acordo em 17 de julho — que prevê um período de três anos de transição, com a formação de um conselho soberano conjunto de governo, formado por cinco militares e seis civis e com liderança rotativa —, as conversas em torno dos detalhes de uma declaração constitucional relativa ao acerto empacaram, com nova rodada prevista para esta quinta.
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— O acordo está ali dobrando a esquina — afirmou Satea al-Hajj, um dos líderes da coalizão opositora, em coletiva de imprensa nesta quinta.
A oposição sudanesa exige que os integrantes do conselho soberano, que deverá governar o país até a realização de eleições, não tenham imunidade por crimes passados. Os líderes da coalizão, no entanto, disseram nesta quinta concordar com a concessão de uma “imunidade procedimental”, uma espécie de “foro privilegiado” segundo a qual altas autoridades só poderiam ser julgadas com a permissão de dois terços do conselho legislativo provisório.