Criminosos do Morro do Engenho, no bairro Engenho da Rainha, na Zona Norte do Rio, após a morte de um suspeito ligado ao tráfico de drogas na comunidade — durante uma operação da Polícia Militar, na manhã de quinta-feira — obrigaram funcionários de uma escola do município a cederem o espaço para que o corpo do homem fosse velado nesta sexta-feira.
Diego Durval de Castro, conhecido como Bananada, morreu durante uma troca de tiros com a PM. Durante toda a madrugada e a manhã desta sexta, traficantes armados e parentes do homem — que seria o gerente do morro — ficaram na unidade de ensino para dar o último adeus. Pela manhã, as aulas do espaço infantil foram canceladas e pais não puderam levar seus filhos à unidade estudantil.
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Se não bastasse ter invadido o local para o velório de Bananada, os criminosos convocaram pelas redes sociais moradores à irem ao local homenagear o suspeito. Em postagens do Facebook ao qual O DIA teve acesso, um homem com o nome Daniel Campos escreveu: "Pra quem quiser fazer as últimas homenagem pro amigo (sic), corpo já está na quadra da Rua 7 até às 10h da manhã. Engenho de luto", dizia a postagem. Segundo fontes da Polícia Militar, "Rua 7" — a que se referiu o homem — é a escola infantil.
A reportagem também teve acesso a uma mensagem de uma funcionária da escola. "As professoras foram obrigadas 'a ir trabalhar'. Não queriam criar 'conflito' com os bandidos (e) alarmar que o funcionamento seria alterado. A escola ficou sem aula", dizia a conversa.
O corpo do traficante foi enterrado no Cemitério de Inhaúma, às 10h.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) não confirmou e nem negou que bandidos tivessem entrado no espaço para ver o corpo do traficante. Segundo o comunicado da pasta, "nesta sexta-feira não houve aula por falta de comparecimento de alunos". A SME não informou o motivo do não comparecimento dos estudantes. Ainda de acordo com o comunicado, o horário de funcionamento das aulas é de 7h30 às 17h30. A Secretaria de Educação orientou que a reportagem procurasse "os setores responsáveis pela segurança pública para obter outras informações".
Questionada sobre o velório com homens armados na unidade de educação infantil, a Polícia Militar informou apenas como Diego foi morto. Segue a nota abaixo:
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na manhã desta quinta-feira (11/7), equipes do 3º BPM (Méier) realizavam policiamento pela região do Engenho da Rainha quando, na Rua Júlia Cortez, criminosos atiraram contra os policiais. Houve confronto e um bandido foi atingido, não resistindo aos ferimentos. Com ele foram apreendidos uma pistola e um carregador calibre 9mm. A Delegacia de Homicídios da Capital foi acionada para registro do fato".
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Já a Polícia Civil disse que, a Delegacia de Homicídios (DH) Capital instaurou um inquérito para apurar a morte de suspeito. Ainda segundo o órgão, os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos e as investigações estão em andamento.
O jornal O Dia procurou o Governo do Estado para que o governador Wilson Witzel comentasse a invasão de criminosos a uma unidade de ensino para o velório , mas não obteve retorno até a publicação deste texto.