Motoristas e passageiros enfrentaram uma manhã de dificuldades para se locomover na região metropolitana de São Paulo devido aos transtornos provocados pela greve geral em protesto contra a reforma da Previdência, principal bandeira econômica do governo Jair Bolsonaro (PSL).
Apesar de decisão judicial proibindo funcionários do Metrô e da CPTM de cumprirem a promessa de paralisação total durante 24 horas, a operação da maioria das linhas foi restringida ao longo da manhã, provocando filas, desorientação e atrasos para os passageiros.
As principais linhas do Metrô tiveram operação parcial pela manhã. Na linha 1-Azul, os passageiros só podiam fazer o trajeto entre as estações Saúde e Luz. Na linha 2-Verde, a operação foi da Vila Madalena até o Alto do Ipiranga – onde muitos passageiros se mostravam perdidos, sem saber como seguir viagem. Na linha 3-Vermelha, a circulação de trens foi da estação Marechal Deodoro à Penha.
A linha 15-Prata do monotrilho está totalmente paralisada nesta sexta-feira, enquanto as linhas 4-Amarela e 5-Lilás, cuja operação é de responsabilidade de concessionárias, operam normalmente. De acordo com o Metrô, a ampliação das operações só será avaliada a partir das 14h, quando ocorre a troca de turno dos funcionários.
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Na estação Tatuapé, na zona leste da capital, houve longas filas (indo até para fora da estação) de passageiros à espera da abertura da transferência da linha 2-Vermelha do Metrô para a linha 12-Safira da CPTM , o que estava prometido para ocorrer às 10h. O combinado, no entanto, não foi cumprido, e a transferência seguiu autorizada apenas na estação Brás.
"Só para chegar ao Tatuapé de ônibus , eu demorei 50 minutos. Depois fiquei mais 25 minutos na fila para conseguir entrar no Metrô", relatou o estudante Fabiano Agostinho Pereira, 24 anos, que mora na Penha (zona leste) e trabalha na Conceição (zona sul). "Só Deus sabe a hora que vou chegar no trabalho."
"Esse povo não tem o que fazer e fica atrapalhando quem vai trabalhar", reclamou a operadora de telemarketing Marcela Teixeira, de 20 anos. Ela costuma sair de ônibus de Diadema, no ABC Paulista, até o Jabaquara e pega o Metrô até o Anhangabaú, onde trabalha. Hoje, com a estação Jabaquara fechada, ela precisou pedir um motorista pelo aplicativo Uber até a Saúde e disse que demorou muito mais por conta do trânsito.
Muitos optaram por sair de carro nesta sexta-feira (14) para evitar o caos do transporte público. O resultado foi uma manhã de congestionamento acima da média. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a capital paulista registrava 90 quilômetros de filas por volta das 11h desta manhã, quando a média para o dia e horário fica entre 48 e 72 quilômetros.
Os piores congestionamentos se deram nos principais eixos viários da cidade. A Marginal Tietê teve mais de dez quilômetros de anda e para tanto no sentido Castelo Branco como no sentido Airton Senna. Também foi difícil a vida do motorista que seguia pelo corredor Norte-Sul e pela Radial Leste nesta manhã.
Ônibus operam, mas passageiros precisam ter paciência
A SPTrans, órgão responsável pela operação de ônibus na cidade de São Paulo , assegurou que a operação nesta sexta-feira conta com frota total de veículos e que todos os 29 terminais municipais estão com operação normal, sem nenhuma interrupção nos serviços.
A reportagem do iG visitou os terminais de ônibus de Pinheiros (zona oeste), Santana (zona norte) e Santo Amaro (zona sul). Neste terceiro, uma funcionária explicou que os motoristas não aderiram à greve com medo de serem multados. Mais cedo houve manifestação no terminal, o que provocou atraso de cerca de meia hora na saída dos ônibus, segundo relatou a mesma funcionária.
Muitas pessoas ficaram com a cabeça quente por conta dos transtornos provocados pelas paralisações. Em frente à estação Luz, na região central, o corretor de imóveis Rogério Dantas, 38 anos, estava impaciente e cobrava pressa de todos os passageiros que paravam para pedir informações, atrasando a partida de seu ônibus, com destino a Santana (zona norte).
"Estou tendo que pegar um ônibus que vai demorar muito mais do que o Metrô. Não é para ficar nervoso? Se é para ter greve, que pare tudo mesmo, não só metade. Se meus colegas conseguem chegar e eu não, o patrão não vai entender que eu tive dificuldade. Vai achar que não estava nem aí", disse.
Quando Rogério gritou, outro passageiro respondeu: "É greve geral, meu parceiro. É bagunça mesmo. Tem que ter paciência. Você quer se aposentar? Então melhor não reclamar".
"As pessoas precisam entender. Eu sei que tem gente que não pode aderir à greve porque vai perder o emprego, mas se a gente não fizer alguma coisa agora, não vai adiantar chorar lá na frente. Tem que ter paciência. Hoje o dia vai ser de dificil acesso mesmo, fazer o que. É por uma causa nobre", corroborou o metalúrgico Orlando Cruz, de 27 anos.
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Confira imagens da manhã de greve em São Paulo:
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