CNJ deve tornar sigilosas informações reveladores sobre as partes em processos

Anúncio foi feito pelo ministro e presidente do STF, Dias Toffoli, em um seminário organizado pelo Conselho da Justiça Federal (CJF)

Ministro Dias Toffoli afirmou que CNJ tornará sigilosos trechos de processos com informações reveladoras sobre as partes
Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil
Ministro Dias Toffoli afirmou que CNJ tornará sigilosos trechos de processos com informações reveladoras sobre as partes

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai baixar uma norma para tornar sigilosos trechos de processos judiciais com informações reveladoras da privacidade e da intimidade de
pessoas. A regra servirá para adequar o Judiciário ao cumprimento da Lei de Proteção de Dados, que entrará em vigor em agosto do ano que vem.

Em um seminário sobre o tema, realizado nesta segunda-feira (26), o ministro Dias Toffoli, que preside o Supremo Tribunal Federal (STF) e o CNJ , anunciou que os tribunais vão se
antecipar e colocar a lei em prática antes do prazo.

"O aspecto mais importante da questão é a cautela que se deve guardar quanto ao acesso irrestrito a informações relevantes sobre o cidadão. Não se está a tratar de meros
andamentos processuais. É foco de preocupação e atenção, com a ressalva dos processos em segredo de justiça, o amplo e irrestrito acesso aos hábitos do indivíduo, sua privacidade patrimonial , suas preferências de toda ordem, enfim, a vida de todos nós", disse Toffoli.

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O ministro lembrou que, pela lei, os dados íntimos só podem ser coletados e divulgados com a anuência da pessoa, com exceções para casos de interesse público. É esse equilíbrio
que a norma do CNJ pretende refletir.

"O diploma preceitua que todos os dados pessoais só podem ser coletados mediante o consentimento do usuário, salvo poucas exceções, sempre respaldadas em interesses de grande envergadura, como por exemplo, a proteção da vida ou incolumidade física do titular ou de terceiro, a garantia de prevenção à fraude e à segurança do titular, o exercício
regular de direitos e o compartilhamento de dados necessários à execução políticas públicas previstas em lei ou regulamento", explicou.

O anúncio foi feito no evento organizado pelo Conselho da Justiça Federal (CJF) para debater a nova lei, aprovada em agosto do ano passado para resguardar os dados e a
privacidade dos cidadãos. Segundo Toffoli, a norma do CNJ não ultrapassará o que determina a lei.

"Como produto final, pretende-se que o CNJ edite ato normativo para disciplina dessas questões. A normativa não será superficial, mas também não será invasiva a ponto de macular
a autonomia dos tribunais", afirmou Dias Toffoli .

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O ministro informou que foi criado um grupo de trabalho para discutir o assunto no CNJ. Nos dias 1º e 2 de agosto, será realizado um seminário para recolher mais informações de
especialistas. A ideia é, a partir dessas posições, editar a norma ainda neste ano.

No discurso, Toffoli deixou claro que a lei se fundamenta em diversos valores, como “o respeito à privacidade, intimidade, honra e imagem; à autodeterminação informativa; e à
liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião”. No entanto, leva em conta também o direito à intimidade.

"A ideia central, contudo, é resguardar o cidadão contra o uso abusivo e indiscriminado dos seus dados pessoais, do modo que a lei prevê uma série de regras a serem observadas
por sociedades empresariais, organizações e instituições atuantes no Brasil, visando a um maior controle por parte do cidadão sobre o tratamento que é dado às suas informações
pessoais", explicou Toffoli sobre as mudanças no CNJ .