Incêndio que destruiu Museu Nacional começou no ar condicionado, diz laudo da PF

Tragédia ocorrida em setembro destruiu cerca de 20 milhões de itens, dentre eles fósseis, múmias e registros históricos do monumento bicentenário

Foto: O Dia
Incêndio no Museu Nacional começou no ar condicionado, de acordo com laudo da PF

O incêndio que destruiu o Museu Nacional, em setembro do ano passado, foi causado por um curto-circuito em um dos aparelhos de ar condicionado do prédio localizado na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro. A conclusão consta de laudo divulgado nesta quinta-feira (4) pela Polícia Federal.

Perito especialista em incêndio e responsável por detalhar o laudo do incêndio no Museu Nacional , Carlos Alberto Trindade disse que o primeiro sinal de fumaça foi identificado às 19h13. "O fogo começou no auditório, no pavimento térreo", afirmou.

Já o perito Marco Antônio Isaac, especialista em eletricidade, ponderou que uma falha na instalação do sistema de ar foi identificada durante as investigações. "Um dos três equipamentos não possuía aterramento externo e não havia disjuntor individualizado para cada um deles", avaliou.

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Após a identificação de onde surgiu o fogo, 75% da área do palácio foi liberada e os peritos da Polícia Federal puderam resgatar peças, deixando o auditório e suas adjacências livres para que a equipe continuasse a investigação, segundo informou Trindade.

Os responsáveis retiraram todo o material do auditório de forma lenta para que conseguissem vasculhar peças do acervo. Só depois que o local ficou vazio, os peritos puderam checar toda a rede elétrica e equipamentos elétricos na área, principal ponto de investigação até então.

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Trindade informou também que foram feitos testes no piso do auditório com líquidos inflamáveis como álcool, gasolina e diesel. O objetivo, de acordo com ele, era comparar as marcas provocadas no piso pelas chamas geradas com esses materiais com as que foram formadas após o incêndio. “Não identificamos nenhuma marca provocada por material propagador de chama”, revelou.

Marco Antônio Isaac afirmou que não foi identificado nenhum sinal de curto ou falha provocada por agente externo na parte principal da rede elétrica do museu.

Todos os equipamentos elétricos encontrados no auditório passaram por perícia para saber se algum deles tinha sinais de origem de chamas. Os peritos disseram, no entanto, que caixas de som, projetor e outros aparelhos não apresentavam sinal suspeito.

A partir de então foram feitas novas análises mais detalhadas nos três equipamentos de ar condicionado da sala. “Nós identificamos logo no início que havia o rompimento de um fio no aparelho que ficava mais próximo do palco do auditório”, disse.

"Esse tipo de rompimento é típico de um evento de sobrecorrente, uma corrente maior que o aparelho pode suportar sem queda do disjuntor”, acrescentou Isaac.

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O incêndio que destruiu o Museu Nacional começou por volta das 19h30 do domingo, 2 de setembro, e o Corpo de Bombeiros só conseguiu controlá-lo no fim da madrugada de segunda-feira (3). Foram perdidos cerca de 20 milhões de itens do museu, como fósseis, múmias e registros históricos do monumento que havia completado 200 anos em 2018.