Suspeito de ajudar a planejar massacre em Suzano participa de audiência

Adolescente foi detido na semana passado acusado de ser um dos mentores intelectuais do crime que deixou oito vítimas fatais, além dos dois atiradores

Suspeito de ajudar a planejar massacre em Suzano participa de audiência
Foto: Reprodução
Suspeito de ajudar a planejar massacre em Suzano participa de audiência

O adolescente apreendido na semana passada, acusado de ser um dos mentores do ataque à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), participa, nesta terça-feira (26), de uma audiência de instrução.

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Segundo o Tribunal de Justiça, nessa audiência serão ouvidas testemunhas de acusação e de defesa. O caso segue em segredo de Justiça. O início da audiência estava agendado para as 10h30, no Fórum de Suzano .

De acordo com Marcelo Feller, advogado de defesa do menor de idade, o jovem não tem  qualquer ligação com o crime. “A minha convicção é de que ele é inocente”, disse. 

Para Feller, há uma “sede da polícia em dar uma resposta para a sociedade com alguém vivo”. O advogado afirmou que algumas provas foram vazadas de forma parcial para dar sustentação a tese da participação de uma terceira pessoa no planejamento do atentado em Suzano . Entre essas evidências, ele destacou alguns trechos de conversa apresentados sem o diálogo completo, que permite outras interpretações. 

Em uma delas, o adolescente avisa o próprio autor do crime sobre as notícias do atentado. Não obtendo resposta, aparentemente, ele conclui sobre a participação do amigo e finaliza enviando a mensagem “te odeio”. Em outra, ele fala para outro colega que já tinha ouvido sobre os planos do atirador, mas afirma que não teve nenhuma participação.

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O defensor explicou que o adolescente, de 17 anos, realmente fantasiou atacar a escola com um dos autores do massacre, também de 17 anos, em 2015, quando ambos tinham entre 13 e 14 anos. Porém, segundo o advogado, os dois brigaram em outubro daquele ano, voltado a se falar somente em outubro de 2018.

Segundo os portais UOL e R7, os investigadores identificaram mensagens de outubro do ano passado nas quais o adolescente mencionava o intuito de usar granadas e de realizar estupros durante o atentado, que deveria matar "pelo menos uns 15".

O jovem teria dito, pelo WhatsApp, que a "estratégia para fazer um atentado" na escola Professor Raul Brasil se baseava em "alguns jogos" e que ele próprio pretendia participar do ataque – que acabou efetuado somente por Guilherme Taucci , de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. 

"A gente ia entrar na segunda aula, mas antes os nóias [sic] que ficassem ao redor da escola a gente ia executar e jogar lá pra trás da escola [sic]", disse o adolescente a um interlocutor que ainda não foi identificado. "Iríamos entrar como se nada tivesse acontecido e esperar até o intervalo. Eu e o Taucci iríamos um pra cada lado, com facas, e ia executar os namorados primeiro", complementou o jovem, conforme reproduziu o R7 .

Em entrevista concedida na semana passada, o  adolescente apresentou uma versão semelhante a defendida pelo advogado. Na ocasião, ele detalhou sua relação com Guilherme Taucci e disse que ele era obcecado pelo massacre de  Columbine , que deixou 13 mortos, há 20 anos, nos Estados Unidos. 

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"Ele sempre falava: 'Imagina se alguém invadisse a escola? Como você ia fazer?' Aí eu respondia, mas eu não sabia que ele ia fazer uma coisa dessas. Eu mesmo sou obcecado por armas, mas não tenho nenhuma arma e nem sairia atirando numa multidão", disse o jovem em depoimento aos jornalistas Rafael Bruza e Bruna Pannunzio.

O menor foi apreendido no último 19, segundo Ministério Público, após diligências da polícia analisarem o conteúdo de celular e tablet do jovem e indicarem a participação dele no planejamento das mortes em Suzano . A investigação tramita em sigilo.