O ex-deputado estadual pelo MDB no Rio de Janeiro Domingos Brazão é apontado como um dos "possíveis mandantes" do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido em março do ano passado – quando também foi executado o motorista Anderson Gomes.
A informação consta de inquérito da Polícia Federal e foi revelada nesta quarta-feira (20) pelos jornalistas Flávio Costa e Sérgio Ramalho, do portal Uol . Esse inquérito foi aberto pela PF a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar se houve tentativa de obstrução às investigações sobre o caso Marielle Franco na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro.
Duas fontes ligadas ao caso confirmaram ao site que o suposto envolvimento de Domingos Brazão com o crime é uma das linhas de investigação perseguidas pela Polícia Civil. O ex-parlamentar foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos no mês passado e, em julho de 2018, chegou a prestar depoimento na DH. Na ocasião, Brazão negou relação com as mortes de Marielle e Anderson.
Leia também: Juiz vê "sofisticação" em modus operandi dos assassinos de Marielle Franco
Citado na CPI das Milícias, realizada em 2008 sob o comando de Marcelo Freixo (PSOL) – de quem Marielle foi assessora –, Domingos Brazão cumpriu mandatos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) entre 1998 e 2014.
Em 2015, ele foi eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), de onde foi afastado em 2017, por suspeita de ter recebido propinas. Por conta desse episódio, hoje o ex-emedebista está impedido de deixar o País.
De acordo com o Uol , Brazão chegou a pedir, em janeiro, autorização à Justiça para passar férias nos Estados Unidos, mas viu o pleito ser rechaçado. Ele já estava com passagens compradas para o dia 20 de fevereiro, exatamente o dia anterior à operação que visou aprofundar as investigações contra ele no caso Marielle.
Duas pessoas já são rés
por conta do ataque a tiros que resultou na morte da vereadora e de seu motorista: o sargento reformado do Bope Ronnie Lessa (acusado de ter sido o autor dos disparos) e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz. A denúncia que levou a polícia a investigar a atuação da dupla indicava que Lessa receberia R$ 200 mil pelos crimes.
Leia também: Lessa monitorou encontro e teve acesso a informações privadas sobre Marielle
Nessa quarta-feira (19), o delegado Daniel Rosa assumiu o comando das investigações sobre as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, substituindo o delegado Giniton Lages à frente da Divisão de Homicídios. Lages fará intercâmbio de quatro meses na Itália, a convite do governador Wilson Witzel (PSC).