Pelo menos quatro policiais militares foram afastados de suas funções após se envolverem em uma confusão com um dirigente do PT (Partido dos Trabalhadores) no último domingo (3). Durante uma abordagem em uma delegacia de Atibaia, no interior de São Paulo, os PMs quebraram o braço do petista.
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O advogado dirigente do PT Geovani Doratioto, de 29 anos, foi levado para a delegacia após ter problemas em uma festa de Carnaval. Ele relata que foi agredido por foliões por usar uma camiseta com os dizeres "Lula Livre."
Em um vídeo gravado pela esposa do petista, , e publicado nas redes sociais, é possível vê-lo discutindo com os policiais já dentro da delegacia. Depois de alguns segundos de dicussão, ele é rendido pelos policiais e levado até uma sala separada.
Durante a ação, um dos PMs puxa o braço esquerdo do homem, produzindo um estalo. Uma das pessoas presentes no local afirma: " quebrou o braço ". Confira as imagens:
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que os policiais permanecerão afastados de suas funções e que um Inquérito Policial Militar foi instaurado para investigar o ocorrido. Segundo a secretaria, a conduta dos militares será apurada.
Entenda o caso
Em um relato publicado no Facebook, a esposa de Geovani Doratiotto conta que ambos estavam participando de uma campanha contra o assédio no Carnaval quando foram surpreendidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que estavam incomodados com a camiseta que Doratiotto usava, com a imagem do ex-presidente Lula e os dizeres "Lula Livre" estampados.
Dal Bello diz que o casal foi "xingado e ofendido da maneira mais raivosa possível" e que, quando tentaram ir embora do local, o petista foi atingido com um "murro no olho", seguido por muitas agressões.
De acordo com ela, ao chegarem na delegacia, "Geovani foi algemado com duas algemas que eles apertaram o quanto puderam para machucar", além de contar que presenciou policiais "nitidamente defendendo as agressões" apenas pela posição política do marido.
A mulher disse, ainda, que seu companheiro teve o braço quebrado e perdeu o movimento dos dedos "por questionar as lesões e uso de duas algemas".
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Em nota, o Partido dos Trabalhadores disse que repudia "qualquer forma de violência policial, entendendo ser um direito básico do cidadão o tratamento com respeito e dignidade, sem que seus corpos e suas vidas sejam postos em risco pelo próprio Estado."
A sigla também relatou que encaminhou um "pedido formal de providências ao Governador João Dória, e noticiou o crime de lesão corporal grave ao Ministério Público do Estado de São Paulo para que tomem as devidas providências contra os agressores", além de notificar o Ministério Público Federal.
Leia a nota na íntegra:
No último domingo (3), o presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores de Atibaia (SP), Geovani Doratiotto, foi covardemente agredido, tendo seu braço quebrado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo dentro de uma delegacia após já estar completamente imobilizado.
Neste momento, além do apoio à Geovani e o desejo que a recuperação se dê da melhor formal possível, cabe ao Partido dos Trabalhadores expressar todo o seu repúdio a qualquer forma de violência policial, entendendo ser um direito básico do cidadão o tratamento com respeito e dignidade, sem que seus corpos e suas vidas sejam postos em risco pelo próprio Estado. As forças de segurança possuem como função servir e proteger, não agredir injustificadamente.
Além disso, o Partido dos Trabalhadores, por meio de sua assessoria jurídica já encaminhou pedido formal de providências ao Governador João Dória, e noticiou o crime de lesão corporal grave ao Ministério Público do Estado de São Paulo para que tomem as devidas providências contra os agressores.
E, por reconhecer que o problema da violência policial é estruturante em nosso país, o Ministério Público Federal também foi cientificado deste episódio, por meio de notificação encaminhada à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, para que também adote as medidas que entenda cabíveis.
PM diz que não agrediu dirigente do PT por motivações políticas
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A Polícia Militar local nega a acusação de agressão por motivos políticos e alega que a prisão do dirigente do PT aconteceu por confusão e desacato. Ele foi detido por desacato, resistência à ordem de prisão, lesão corporal e injúria e liberado após pagar fiança de R$ 1000.