Jovem denuncia padrasto por estupro e tortura na Bahia: "Perdi a minha alma"

Eva Luana diz ter sofrido agressões sexuais, físicas e verbais desde os 12 anos; vítima conta que já abortou diversas vezes e nunca pôde ir ao médico

A jovem denunciou a agressão contra ela e a mãe por parte do padrasto nas redes sociais
Foto: Reprodução/Instagram
A jovem denunciou a agressão contra ela e a mãe por parte do padrasto nas redes sociais

Eva Luana da Silva tinha apenas 12 anos de idade quando começou a sofrer abusos por parte de seu padrasto. Nesta semana, a jovem, que mora no município de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, usou as redes sociais para denunciá-lo pelos estupros e tortura que ela e a mãe sofreram durante anos, e as publicações viralizaram. 

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Eva, agora com 21 anos, relatou em cinco posts no Instagram o "caos" ao qual seu padrasto a submetia junto à mãe. De acordo com a jovem , sua mãe era vítima do companheiro, que a agredia frequentemente de forma sexual, física e verbal. Depois, a filha também passou a ser alvo das agressões. Leia parte do relato de Eva abaixo: 































Eva conta que denunciou o padrasto quando tinha 13 anos, mas foi obrigada a retirar a queixa por conta de ameaças. Depois disso, as agressões passaram a piorar. 

"O Estado falhou a tal ponto que o meu caso não chegou nem ao Ministério Público. Fui obrigada a retirar a queixa por ameaças do meu padrasto. Ele utilizou o poder financeiro pra comprar a liberdade e comprar a minha alma. Porque ali eu perdi a minha alma. E o que eu fui denunciar, 1 ano de sofrimento, se multiplicou em mais 8 anos", escreveu.

A vítima ainda relata que já foi abusada sexualmente, abortou diversas vezes e nunca pôde ir ao médico para fazer curetagem. "Todas as vezes sangrava e passava mal a noite inteira. Já vi os bebês inteiros no vaso sanitário. Eu era chamada de burra, anta, doente, demente todos os dias e era obrigada a repetir isso pra mim mesma", escreveu. 

Em outro post, Eva conta que o padrasto a obrigava a fazer os trabalhos da faculdade dele e tinha que sair mais cedo das aulas para responder as provas pelo celular. Além disso, ele também a vigiava na porta da escola e da sala de aula.

"Meu celular era vistoriado todos os dias, à noite. Ele desinstalava o WhatsApp e reinstalava novamente pra poder recuperar as conversas apagadas. Todos os vínculos eram vigiados e ele sempre respondia pessoas como se fosse eu. Todas as minhas senhas no celular, redes sociais e Gmail eram monitoradas por ele", escreveu. 

"Eu já saí pelada na rua de madrugada, e ele dizia que era para eu ser estuprada por homens. Ele tirava fotos minhas com o meu celular e enviava pra ele mesmo, pra fingir que era eu, criava conversas nojentas com ele mesmo", conta, em outro trecho. 

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Eva afirma que a mãe também sofria agressões constantemente e perdeu um filho por conta disso. "Minha mãe apanhou tanto que teve um parto prematuro, meu irmão morreu depois de 6 dias de nascido. Quando ela estava grávida dele, levou diversos chutes e joelhadas na barriga. Ele não queria mais um filho. Ela pulou um muro pra se salvar." 

De acordo com a vítima, às vezes ela era obrigada a dormir na casa do cachorro, sem ventilação e nem luz, e tinha que passar horas sem comer, ou passar uma madrugada inteira de pé. 

Nas redes sociais, Eva também publicou uma foto em que é possível ver o agressor a procurando pelo vidro da sala de aula. 

Foto: Reprodução/Instagram
A jovem era impedida de ter contato ou vínculos com qualquer pessoa e era constantemente vigiada nas redes sociais














Depois de anos, Eva conheceu seu atual namorado e contou a verdade a ele, pois tinha medo de ser morta pelo padrasto e também pensava em suicídio. "Eu contei a verdade pois não aguentava mais. Ele buscou ajuda de um outro anjo, que me mostrou que a Justiça ainda pode nos salvar. Desde então, todos colaboram como uma cadeia de solidariedade e amor." 

Ontem, a vítima publicou outra foto nas redes sociais e afirmou que está sob proteção jurídica, mas que o padrasto ainda não foi preso. Por fim, ela também pediu que as pessoas compartilhem seu post para que outras mulheres tenham coragem de denunciar abusos e agressões. 

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"Medo me define por completo, no entanto, tenho forças pra dizer: Lutei como uma garota e vou continuar lutando por outras garotas. Se algo me acontecer eu não terei dúvidas de que tentei sair dessa e lutei essa guerra com todas as minhas forças", declarou a jovem .